The Lurker Update (Newsflash)
Para quem eventualmente tenha se interessado pelas andanças de minha amiga que se encontra "voluntariamente à disposição do mercado": ela foi vista pela última vez indo de Salamanca para Barcelona... Nada mal, nada mal. Um dia se chega lá.
outubro 29, 2003
The Lurker e os anglicismos (ou te cuida Pasquale C. Neto)
Hoje faremos uma singela homenagem a um diretor de certa área de certo ministério, tirado a falar idioma dos outros mas sem o menor tino para isso... Com sorte, ele voltará para sua boa e velha Sertãozinho, devem sentir sua falta por lá. Deixe os irlandeses em paz.
Segue singela demonstração de apreciação por suas habilidades linguísticas...
Samba do Approach
Zeca Baleiro
Venha provar meu brunch... saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch, eu ando de ferryboat, venha provar!
(Bis)
Eu tenho savoir-faire meu temperamento é light
Minha casa é hi-tech, toda hora rola um insight
Já fui fã do Jethro Tull, hoje me amarro no Slach
Minha vida agora é cool, meu passado já foi trash
Venha provar meu brunch... saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch, eu ando de ferryboat, venha provar!
(Bis)
Fica ligado no link que eu vou confessar my love
Depois do décimo drink, só um bom e velho engov
Eu tirei meu green card e fui para Miami Beach
Posso não ser pop star, mas já sou um noveu riche
Venha provar meu brunch... saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch, eu ando de ferryboat, venha provar!
(Bis)
Eu tenho sex-appeal saca só meu background
Veloz como Damon Hill, tenaz com Fittipaldi
Não dispenso um happy end, quero jogar no dream team
De dia um macho man e de noite drag queen
Venha provar meu brunch... saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch, eu ando de ferryboat, venha provar!
(Bis)
The Lurker Says: "Última flor do Láscio, inculta e bela. És ao mesmo tempo esplendor e sepultura..." (Olavo Bilac - *1865 +1918)
Hoje faremos uma singela homenagem a um diretor de certa área de certo ministério, tirado a falar idioma dos outros mas sem o menor tino para isso... Com sorte, ele voltará para sua boa e velha Sertãozinho, devem sentir sua falta por lá. Deixe os irlandeses em paz.
Segue singela demonstração de apreciação por suas habilidades linguísticas...
Samba do Approach
Zeca Baleiro
Venha provar meu brunch... saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch, eu ando de ferryboat, venha provar!
(Bis)
Eu tenho savoir-faire meu temperamento é light
Minha casa é hi-tech, toda hora rola um insight
Já fui fã do Jethro Tull, hoje me amarro no Slach
Minha vida agora é cool, meu passado já foi trash
Venha provar meu brunch... saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch, eu ando de ferryboat, venha provar!
(Bis)
Fica ligado no link que eu vou confessar my love
Depois do décimo drink, só um bom e velho engov
Eu tirei meu green card e fui para Miami Beach
Posso não ser pop star, mas já sou um noveu riche
Venha provar meu brunch... saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch, eu ando de ferryboat, venha provar!
(Bis)
Eu tenho sex-appeal saca só meu background
Veloz como Damon Hill, tenaz com Fittipaldi
Não dispenso um happy end, quero jogar no dream team
De dia um macho man e de noite drag queen
Venha provar meu brunch... saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch, eu ando de ferryboat, venha provar!
(Bis)
The Lurker Says: "Última flor do Láscio, inculta e bela. És ao mesmo tempo esplendor e sepultura..." (Olavo Bilac - *1865 +1918)
outubro 15, 2003
The Lurker e o poeta
Reverência do Destino
(Carlos Drummond de Andrade)
"Falar é completamente fácil,
quando se tem palavras em mente
que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que
realmente queremos dizer,
o quanto queremos dizer,
antes que a pessoa se vá.
Fácil é julgar pessoas
que estão sendo expostas
pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir
sobre os seus erros,
ou tentar fazer diferente
algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega,
fazer companhia a alguém,
dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas
e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.
Fácil é analisar a situação alheia
e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação
e saber o que fazer.
Ou ter coragem pra fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência
quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém
que realmente te conhece, te respeita e te
entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos
o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos
com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar,
mais uma vez,
isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus".
Principalmente quando somos culpados
pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos,
beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo
como uma corrente elétrica
quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver,
sem ter medo do depois.
Amar e se entregar.
E aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência.
Acenando o tempo todo,
mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas,
ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta
resposta.
Ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar
ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma.
Sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas
vão te aceitar como você é
e te fazer feliz por inteiro .
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém.
Saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo,
mas com tamanha intensidade,
que se petrifica,
e nenhuma força jamais o resgata".
The Lurker Says: (...)
Reverência do Destino
(Carlos Drummond de Andrade)
"Falar é completamente fácil,
quando se tem palavras em mente
que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que
realmente queremos dizer,
o quanto queremos dizer,
antes que a pessoa se vá.
Fácil é julgar pessoas
que estão sendo expostas
pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir
sobre os seus erros,
ou tentar fazer diferente
algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega,
fazer companhia a alguém,
dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas
e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.
Fácil é analisar a situação alheia
e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação
e saber o que fazer.
Ou ter coragem pra fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência
quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém
que realmente te conhece, te respeita e te
entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos
o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos
com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar,
mais uma vez,
isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus".
Principalmente quando somos culpados
pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos,
beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo
como uma corrente elétrica
quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver,
sem ter medo do depois.
Amar e se entregar.
E aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência.
Acenando o tempo todo,
mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas,
ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta
resposta.
Ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar
ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma.
Sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas
vão te aceitar como você é
e te fazer feliz por inteiro .
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém.
Saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo,
mas com tamanha intensidade,
que se petrifica,
e nenhuma força jamais o resgata".
The Lurker Says: (...)
outubro 08, 2003
The Lurker e a Matemática (ou poeminha besta para não iniciados)
"The Möebius Strip is a thing,
Which somewhat resembles a ring.
But given the strenght
To travel its lenght,
You still haven´t done anything"
(by Okie Pokie)
The Lurker Says: mais uma fugitiva do IMPA... (onde está a fita?)
"The Möebius Strip is a thing,
Which somewhat resembles a ring.
But given the strenght
To travel its lenght,
You still haven´t done anything"
(by Okie Pokie)
The Lurker Says: mais uma fugitiva do IMPA... (onde está a fita?)
outubro 07, 2003
The Lurker Advice
Há muitos anos participei de uma modalidade de serviço voluntário cuja finalidade é fornecer suporte a pessoas e situações de crise. Uma das grandes lições que tirei na ocasião foi o cuidado que se deve ter quanto a aconselhar quem quer que seja a fazer alguma coisa. A responsabilidade com o que se diz e o que as palavras causam é uma preocupação que me acompanha desde então. Deixe que a pessoa encontre seu próprio caminho.
Ocorreu entretanto que saí para conversar com uma amiga, que dizia estar sofrendo com problemas no trabalho e insatisfeita com suas atividades. Dessa conversa surgiu uma série de reflexões sobre sua atuação profissional, o que desejava fazer, e o que vinha fazendo nos últimos anos. Essa reflexão a levou a uma conclusão bastante séria: mudar de emprego. Mesmo que isso representasse um interstício na carreira - se me permitem o eufemismo.
É preciso que se diga que, de acordo com o que ela mesma relatou, as atividades que tem executado em seu trabalho realmente não são recompensadoras, em especial considerando se sua formação. Conheço-a desde o tempo da universidade, e é fato que desde então sua competência era reconhecida. Aqueles que, como eu, foram seus contemporâneos concordam que era realmente das boas alunas que o curso tinha formado. Nada mais lógico do que ela estar agora descontente a receptividade que seu trabalho teria gerado.
Mesmo considerando o duro processo seletivo para entrar na organização, diria que existe pessoa mais capacitada do que ela para essa atividade, desde que esta outra pessoa não tivesse um perfil intelectual e profissional tão desenvolvido. Em resumo, concordo com seus motivos, mas preocupo-me quando ela me diz que foi em parte em decorrência de nossa conversa que decidiu tomar novo rumo. Como aceitar essa responsabilidade?
Ela diz que passou a acreditar na possibilidade de investir na carreira por algum tempo mesmo que isso implique receber um salário menor. Note-se que o atual é realmente muito bom. Conquanto esta decisão seja de sua única e exclusiva competência, não posso deixar de me sentir envolvido, por ter colocado "pilha", mesmo que esta "pilha" não seja minha.
O que lhe contei se baseou no que efetivamente tenho implementado em minha carreira (não sou hipócrita, ao menos). Tenho certeza de minha autenticidade, na medida em que tudo que fiz foi apresentar fatos os quais eu mesmo vivi. Entretanto, acreditar que possa ter esse tipo de influência na vida de outra pessoa me causa certo desconforto. Meus pontos de vista foram, e são, fundamentados na experiência.
Minha história se ancora no que tenho feito, nos riscos que corri, minhas quedas, muitos erros e poucos acertos. As dores, receios, medos e angústias dela eram os mesmos que eu sentia a menos de um ano. Em nossas conversas, senti-me em contato com estas dificuldades e ansiedades. Acredito estar genuinamente próximo a sentimentos semelhantes.
O que fazer então? Nada. Esperar pelo melhor. Se por um lado receio pelos resultados de suas decisões, por outro não posso deixar de apreciar a reaproximação, mesmo decorrente deste estado de coisas...
Hoje foi seu último dia de trabalho...
The Lurker Says: Marrocos! Compostela! Voe!
Há muitos anos participei de uma modalidade de serviço voluntário cuja finalidade é fornecer suporte a pessoas e situações de crise. Uma das grandes lições que tirei na ocasião foi o cuidado que se deve ter quanto a aconselhar quem quer que seja a fazer alguma coisa. A responsabilidade com o que se diz e o que as palavras causam é uma preocupação que me acompanha desde então. Deixe que a pessoa encontre seu próprio caminho.
Ocorreu entretanto que saí para conversar com uma amiga, que dizia estar sofrendo com problemas no trabalho e insatisfeita com suas atividades. Dessa conversa surgiu uma série de reflexões sobre sua atuação profissional, o que desejava fazer, e o que vinha fazendo nos últimos anos. Essa reflexão a levou a uma conclusão bastante séria: mudar de emprego. Mesmo que isso representasse um interstício na carreira - se me permitem o eufemismo.
É preciso que se diga que, de acordo com o que ela mesma relatou, as atividades que tem executado em seu trabalho realmente não são recompensadoras, em especial considerando se sua formação. Conheço-a desde o tempo da universidade, e é fato que desde então sua competência era reconhecida. Aqueles que, como eu, foram seus contemporâneos concordam que era realmente das boas alunas que o curso tinha formado. Nada mais lógico do que ela estar agora descontente a receptividade que seu trabalho teria gerado.
Mesmo considerando o duro processo seletivo para entrar na organização, diria que existe pessoa mais capacitada do que ela para essa atividade, desde que esta outra pessoa não tivesse um perfil intelectual e profissional tão desenvolvido. Em resumo, concordo com seus motivos, mas preocupo-me quando ela me diz que foi em parte em decorrência de nossa conversa que decidiu tomar novo rumo. Como aceitar essa responsabilidade?
Ela diz que passou a acreditar na possibilidade de investir na carreira por algum tempo mesmo que isso implique receber um salário menor. Note-se que o atual é realmente muito bom. Conquanto esta decisão seja de sua única e exclusiva competência, não posso deixar de me sentir envolvido, por ter colocado "pilha", mesmo que esta "pilha" não seja minha.
O que lhe contei se baseou no que efetivamente tenho implementado em minha carreira (não sou hipócrita, ao menos). Tenho certeza de minha autenticidade, na medida em que tudo que fiz foi apresentar fatos os quais eu mesmo vivi. Entretanto, acreditar que possa ter esse tipo de influência na vida de outra pessoa me causa certo desconforto. Meus pontos de vista foram, e são, fundamentados na experiência.
Minha história se ancora no que tenho feito, nos riscos que corri, minhas quedas, muitos erros e poucos acertos. As dores, receios, medos e angústias dela eram os mesmos que eu sentia a menos de um ano. Em nossas conversas, senti-me em contato com estas dificuldades e ansiedades. Acredito estar genuinamente próximo a sentimentos semelhantes.
O que fazer então? Nada. Esperar pelo melhor. Se por um lado receio pelos resultados de suas decisões, por outro não posso deixar de apreciar a reaproximação, mesmo decorrente deste estado de coisas...
Hoje foi seu último dia de trabalho...
The Lurker Says: Marrocos! Compostela! Voe!
setembro 01, 2003
The Lurker e os Taxistas (ou mobilis gratia argumentandi )
Uma coisas interessante para se fazer quando se coloca o pé fora de sua própria cidade é conversar com o pessoal que vai se encarregar de seu transporte, especificamente aquele ser antenado, que já foi conhecido pelo pomposo nome de "Chaufeur de praça". Sinesíforos profissionais, sociólogos das horas vagas, professores da escola da vida, políticos de tempo integral, sempre dão uma boa idéia do que está acontecendo aonde se chega e sua visão particular representa, freqüentemente, a de uma classe.
É possível encontrá-los de todos os tipos: o profissional cioso, o politizado, o revolucionário trotskista, o bicho-grilo-reformado, o pai de família, o solícito (estes querem lhe oferecer um serviço a mais - indicando a "boa da noite" ou alguma coisa que o valha), entre muitas outras "qualidades". Síntese das percepções da população de uma área, os taxistas são um termômetro de uma sociedade. Trata-se de um grupo policultural, etnicamente diverso e multifacetado em que, invariavelmente, se encontra uma miríade de regionalidades, sotaques, concepções, estilos de vida. Diz-se, por exemplo, que Nova Iorque tem quase tantos condutores siks quanto Nova Déli. Imigrou, não tem uma formação compatível com outra atividade? Não arrnja outro emprego? Sempre se pode recorrer ao bom e velho serviço de motorista de aluguel. Não se assuste se tiver que esclarecê-lo que o SOHO é para baixo da ilha e não tem nada ver com o East Side. E o inglês deles será interessantíssimo, posso assegurar... que você não entenderá nada além da segunda palavra.
Em todos os países que visitei, este grupo se mostrou bastante atencioso, levando sua profissão a sério o mais das vezes. Contudo, sempre existem os espertinhos que dão mau nome à categoria: em Paris um chinês resolveu me "levar para passear" e tentou dar uma volta, imensa e desnecessária, passando dando a volta na Place de la Concorde para ir ao Louvre. Neste ponto concordo com um dos personagens de Matrix que disse que "a língua francesa é ótima para insultos", principalmente quando se tem que dar a entender que se sabe, e muito bem por sinal, qual o caminho que deve ser feito. Friso, contudo, ser esta a única ressalva que faço ao "Taxi Parisien", que tem em sua folha serviços nobres à pátria, transportando soldados para o front de batalha na primeira guerra mundial. Em linhas gerais são mais atenciosos do que os espanhóis por exemplo, até mesmo por conta de uma espécie de estatuto que eles têm. Em minha viagem mais recente, na qual precisei arranjar uma "chaise roulant" para melhor locomover minha mãe, foram extremamente solícitos para acomodar a cadeira de rodas no porta-malas ? e atente para que não é qualquer "citroën quatre chevaux" que comporta este adereço.
Os taxistas portugueses são, como seus colegas cariocas, animados e bem falantes. Entusiasmam-se quando sabem que você é brasileiro e querem sempre saber o que está se passando "na terrinha, ora pois". De maneira semelhante aos demais patrícios, têm o raciocínio muito curto para humor e sarcasmo. Sabe aquela história de que português é burro? Não é ignorância: é ingenuidade. Evite as piadas que rimem com o "não pagamento" da féria eles simplesmente não entendem - levam tudo ao pé da letra.
Por seu turno, os profissionais na Itália são positivamente insanos. Asterix já dizia, com propriedade: "Ils sont fous, ces romains", o que, traduzido para o italiano fica mais divertido ainda - "Sonno Pazzi Questi Romani. Nada mais verdadeiro quanto ao tráfego de Roma. O condutor xinga, gesticula, pára o carro, bota meio corpo para fora da janela para discutir com seu "contraparte". E depois se compraz em esclarecer seus motivos e razões, das quais se encontra cheio. Estacionam onde querem, quando querem e acham ruim que qualquer outro faça o mesmo. Mas são muito bem instruídos quanto aos meandros da Cidade Eterna.
The Lurker Says "A man travels the world over in search of what he needs and returns home to find it." George Moore
Uma coisas interessante para se fazer quando se coloca o pé fora de sua própria cidade é conversar com o pessoal que vai se encarregar de seu transporte, especificamente aquele ser antenado, que já foi conhecido pelo pomposo nome de "Chaufeur de praça". Sinesíforos profissionais, sociólogos das horas vagas, professores da escola da vida, políticos de tempo integral, sempre dão uma boa idéia do que está acontecendo aonde se chega e sua visão particular representa, freqüentemente, a de uma classe.
É possível encontrá-los de todos os tipos: o profissional cioso, o politizado, o revolucionário trotskista, o bicho-grilo-reformado, o pai de família, o solícito (estes querem lhe oferecer um serviço a mais - indicando a "boa da noite" ou alguma coisa que o valha), entre muitas outras "qualidades". Síntese das percepções da população de uma área, os taxistas são um termômetro de uma sociedade. Trata-se de um grupo policultural, etnicamente diverso e multifacetado em que, invariavelmente, se encontra uma miríade de regionalidades, sotaques, concepções, estilos de vida. Diz-se, por exemplo, que Nova Iorque tem quase tantos condutores siks quanto Nova Déli. Imigrou, não tem uma formação compatível com outra atividade? Não arrnja outro emprego? Sempre se pode recorrer ao bom e velho serviço de motorista de aluguel. Não se assuste se tiver que esclarecê-lo que o SOHO é para baixo da ilha e não tem nada ver com o East Side. E o inglês deles será interessantíssimo, posso assegurar... que você não entenderá nada além da segunda palavra.
Em todos os países que visitei, este grupo se mostrou bastante atencioso, levando sua profissão a sério o mais das vezes. Contudo, sempre existem os espertinhos que dão mau nome à categoria: em Paris um chinês resolveu me "levar para passear" e tentou dar uma volta, imensa e desnecessária, passando dando a volta na Place de la Concorde para ir ao Louvre. Neste ponto concordo com um dos personagens de Matrix que disse que "a língua francesa é ótima para insultos", principalmente quando se tem que dar a entender que se sabe, e muito bem por sinal, qual o caminho que deve ser feito. Friso, contudo, ser esta a única ressalva que faço ao "Taxi Parisien", que tem em sua folha serviços nobres à pátria, transportando soldados para o front de batalha na primeira guerra mundial. Em linhas gerais são mais atenciosos do que os espanhóis por exemplo, até mesmo por conta de uma espécie de estatuto que eles têm. Em minha viagem mais recente, na qual precisei arranjar uma "chaise roulant" para melhor locomover minha mãe, foram extremamente solícitos para acomodar a cadeira de rodas no porta-malas ? e atente para que não é qualquer "citroën quatre chevaux" que comporta este adereço.
Os taxistas portugueses são, como seus colegas cariocas, animados e bem falantes. Entusiasmam-se quando sabem que você é brasileiro e querem sempre saber o que está se passando "na terrinha, ora pois". De maneira semelhante aos demais patrícios, têm o raciocínio muito curto para humor e sarcasmo. Sabe aquela história de que português é burro? Não é ignorância: é ingenuidade. Evite as piadas que rimem com o "não pagamento" da féria eles simplesmente não entendem - levam tudo ao pé da letra.
Por seu turno, os profissionais na Itália são positivamente insanos. Asterix já dizia, com propriedade: "Ils sont fous, ces romains", o que, traduzido para o italiano fica mais divertido ainda - "Sonno Pazzi Questi Romani. Nada mais verdadeiro quanto ao tráfego de Roma. O condutor xinga, gesticula, pára o carro, bota meio corpo para fora da janela para discutir com seu "contraparte". E depois se compraz em esclarecer seus motivos e razões, das quais se encontra cheio. Estacionam onde querem, quando querem e acham ruim que qualquer outro faça o mesmo. Mas são muito bem instruídos quanto aos meandros da Cidade Eterna.
The Lurker Says "A man travels the world over in search of what he needs and returns home to find it." George Moore
agosto 27, 2003
The Lurker ainda no Rio (ou de onde menos se espera...)
Saindo da Casa da Ciência, local onde se realizava o seminário, entrei no shopping Rio sul e vi de relance uma pessoa que acreditei ser uma velha amiga, colega de universidade (uma pessoa simpática apesar de louca). Vinha em sentido contrário falando com um cavalheiro de, talvez, seus 40 em alguns anos. Expressava-se em francês, o que conhecendo-a não era necessariamente de se estranhar: filha de diplomata e tendo vivido no exterior nada mais razoável do que falasse um outro idioma. Não seria nem mesmo de se estranhar que tivesse aprendido árabe, dado que morou no Egito.
O tom da conversa não parecia necessariamente o mais tranqüilo. Isso também não é de se estranhar tendo em vista que o seu temperamento nunca foi muito calmo. Tive vontade de me aproximar e falar-lhe. Contudo o assunto parecia sério e achei melhor deixar passar. A curiosidade porém não me abandonou: o que fazia minha amiga falando com o francês? E porque estaria tão aborrecida (se é que estava aborrecida)?
Novamente vamos recorrer às maravilhas da tecnologia. Uma rápida busca na Internet mostra que ela se casou no início deste ano ou no final do passado, com um cavalheiro francês. Não tenho a menor idéia se seria aquele mas, com efeito, é uma possibilidade. No fim das contas achei o episódio bastante engraçado. Faz lembrar de outro encontro, absolutamente impensável, que tive com um amigo de muitos anos numa noite no aeroporto de Guarulhos, antes de uma viagem a NY. Quem poderia imaginar encontrar pessoas conhecidas em circunstâncias tão inesperadas?
The Lurker says: "I am not young enough to know everything." -- Oscar Wilde
Saindo da Casa da Ciência, local onde se realizava o seminário, entrei no shopping Rio sul e vi de relance uma pessoa que acreditei ser uma velha amiga, colega de universidade (uma pessoa simpática apesar de louca). Vinha em sentido contrário falando com um cavalheiro de, talvez, seus 40 em alguns anos. Expressava-se em francês, o que conhecendo-a não era necessariamente de se estranhar: filha de diplomata e tendo vivido no exterior nada mais razoável do que falasse um outro idioma. Não seria nem mesmo de se estranhar que tivesse aprendido árabe, dado que morou no Egito.
O tom da conversa não parecia necessariamente o mais tranqüilo. Isso também não é de se estranhar tendo em vista que o seu temperamento nunca foi muito calmo. Tive vontade de me aproximar e falar-lhe. Contudo o assunto parecia sério e achei melhor deixar passar. A curiosidade porém não me abandonou: o que fazia minha amiga falando com o francês? E porque estaria tão aborrecida (se é que estava aborrecida)?
Novamente vamos recorrer às maravilhas da tecnologia. Uma rápida busca na Internet mostra que ela se casou no início deste ano ou no final do passado, com um cavalheiro francês. Não tenho a menor idéia se seria aquele mas, com efeito, é uma possibilidade. No fim das contas achei o episódio bastante engraçado. Faz lembrar de outro encontro, absolutamente impensável, que tive com um amigo de muitos anos numa noite no aeroporto de Guarulhos, antes de uma viagem a NY. Quem poderia imaginar encontrar pessoas conhecidas em circunstâncias tão inesperadas?
The Lurker says: "I am not young enough to know everything." -- Oscar Wilde
agosto 26, 2003
The Lurker e a tecnologia da voz (ou de que adianta a velocidade, se você não tem nada a dizer?)
Finalmente rendi-me à tecnologia dos comandos de voz e adquiri um Via Voice da IBM. Confesso que tenho achado o programa bem eficiente, apesar de que muitas vezes é frustrante conseguir convencê-lo a aceitar os termos constantes de meu vocabulário. Além disso, ele tem o péssimo hábito de não aceitar as concordâncias como as faço, além de incluir artigos e pronomes sem ser solicitado. Apesar disso, minha tendinite e agradece, e muito, ter somente que corrigir o texto digitado ou ter que incluir uma eventual palavra que o limitado conjunto de informações existentes ou melhor, inexistentes em seu banco de dados desconheça.
Outra característica que reputo muito interessante é a capacidade do aplicativos em ler textos a partir de informações escritas. Por exemplo, posso pedir que ele leia um documento escrito por mim. É interessante, pois posso ouvir o texto escrito enquanto faço alguma outra coisa. Funciona como se alguém estivesse fazendo uma crítica para mim. Acredito inclusive que venha a contribuir para a melhoria de minha dicção, tendo em vista a necessidade de que pronuncie as palavras de maneira mais ou menos uniforme para garantir a qualidade da interpretação feita pelo sistema.
Os comandos de voz são eficientes, a interface IBM, como sempre é pouco amigável mais isso é superável. Talvez pouco amigável seja exagero, afinal conseguiu passar por todo o processo de que configuração em um período de menos de 1 hora, incluindo-se aí também o processo de ensino ao sistema para que reconheça minha voz. Em resumo, ainda tem muito que mas até o momento me agrada bastante, à exceção talvez a dos comandos diretos de voz que são tanto complexos para memorização.
The Lurker Says: “A horse may be coaxed to drink, but a pencil must be lead.” --Stan Laurel
And says it over (because it´s funny and sadly true, in a way) “Women and cats will do as they please, and men and dogs should relax and get used to the idea.” --Robert A. Heinlein
Finalmente rendi-me à tecnologia dos comandos de voz e adquiri um Via Voice da IBM. Confesso que tenho achado o programa bem eficiente, apesar de que muitas vezes é frustrante conseguir convencê-lo a aceitar os termos constantes de meu vocabulário. Além disso, ele tem o péssimo hábito de não aceitar as concordâncias como as faço, além de incluir artigos e pronomes sem ser solicitado. Apesar disso, minha tendinite e agradece, e muito, ter somente que corrigir o texto digitado ou ter que incluir uma eventual palavra que o limitado conjunto de informações existentes ou melhor, inexistentes em seu banco de dados desconheça.
Outra característica que reputo muito interessante é a capacidade do aplicativos em ler textos a partir de informações escritas. Por exemplo, posso pedir que ele leia um documento escrito por mim. É interessante, pois posso ouvir o texto escrito enquanto faço alguma outra coisa. Funciona como se alguém estivesse fazendo uma crítica para mim. Acredito inclusive que venha a contribuir para a melhoria de minha dicção, tendo em vista a necessidade de que pronuncie as palavras de maneira mais ou menos uniforme para garantir a qualidade da interpretação feita pelo sistema.
Os comandos de voz são eficientes, a interface IBM, como sempre é pouco amigável mais isso é superável. Talvez pouco amigável seja exagero, afinal conseguiu passar por todo o processo de que configuração em um período de menos de 1 hora, incluindo-se aí também o processo de ensino ao sistema para que reconheça minha voz. Em resumo, ainda tem muito que mas até o momento me agrada bastante, à exceção talvez a dos comandos diretos de voz que são tanto complexos para memorização.
The Lurker Says: “A horse may be coaxed to drink, but a pencil must be lead.” --Stan Laurel
And says it over (because it´s funny and sadly true, in a way) “Women and cats will do as they please, and men and dogs should relax and get used to the idea.” --Robert A. Heinlein
The LurKer warp zone (ou Beam me up, Scotty)
Bem, aqui estou eu de volta ao Rio, desta vez para uma conferência sobre políticas públicas em avaliação. Mais ou menos... a rigor somente duas das quatro palestras são realmente interessantes – uma por um professor americano e outra por um fancês. Foi bom para dar um lustro no ouvido, já que fazia tempo que não tratava nada na língua gaulesa. Mas o quente, para valer, foram os contatos que andei fazendo com o pessoal de Belo Horizonte e Juiz de Fora. Este último deve rimar com umas discussões muito interessantes para a tese, através de um sociólogo que trabalha por lá. Estamos inclusive com a idéia de fazer um encontro para discutir aspectos de nossos trabalhos que são um tanto complementares e juntar mais uma turma de pesos pesados nesta conversa. Só isso já valeu a viagem.
Enquanto isso em Gotham City... os contratos da equipe vem e vão. Na quinta-feira sou arrancado da palestra no final da tarde porque nosso gerente executivo devolveu os contratos de todo mundo para atualização do PHF. Corri de volta ao hotel para assinar tudo eletronicamente e devolver a ele com as correções pedidas. Na sexta à tarde liga-me minha assistente para dizer que um currículo, justamente aquele que negociei com o pessoal da área de contratos para que tivesse um salário um pouco melhor (vocês leram isso a algum tempo) foi devolvido por “inadequação da experiência ao salário pretendido”. Toca sair correndo para ligar para o pessoal e lembrar do que já havia sido acordado. E a falha não foi deles: o memorando que esclarecia tudo não chegou em tempo. Alguém entendeu que o contrato iria em papel, quando na realidade foi pela intranet. O principal é que pelo menos até agora vou conseguir manter minha palavra com o rapaz, apesar de quase terem botado ele para correr por causa de salário.
Quanto a isto é engraçado notar que a outra equipe (de pesquisa) acabou justamente de perder um bom estatístico (se bem que há quem diga que estatístico bom é estatístico morto :-) e bem treinado justamente por inabilidade de negociar o contrato. Como penalidade, tiveram que contratar um novo e isso ficou quase 30% mais caro. Para quem, como eles, anda curto de grana, foi um movimento nada interessante.
Em tempo: em sua próxima viagem não se assuste se tendo recebido sua passagem TAM e feito seu check in nesta companhia, você embarcar com uma equipe de terra e em uma aeronave Varig.
The Lurker Says: "Support bacteria. They're the only culture some people have."
Bem, aqui estou eu de volta ao Rio, desta vez para uma conferência sobre políticas públicas em avaliação. Mais ou menos... a rigor somente duas das quatro palestras são realmente interessantes – uma por um professor americano e outra por um fancês. Foi bom para dar um lustro no ouvido, já que fazia tempo que não tratava nada na língua gaulesa. Mas o quente, para valer, foram os contatos que andei fazendo com o pessoal de Belo Horizonte e Juiz de Fora. Este último deve rimar com umas discussões muito interessantes para a tese, através de um sociólogo que trabalha por lá. Estamos inclusive com a idéia de fazer um encontro para discutir aspectos de nossos trabalhos que são um tanto complementares e juntar mais uma turma de pesos pesados nesta conversa. Só isso já valeu a viagem.
Enquanto isso em Gotham City... os contratos da equipe vem e vão. Na quinta-feira sou arrancado da palestra no final da tarde porque nosso gerente executivo devolveu os contratos de todo mundo para atualização do PHF. Corri de volta ao hotel para assinar tudo eletronicamente e devolver a ele com as correções pedidas. Na sexta à tarde liga-me minha assistente para dizer que um currículo, justamente aquele que negociei com o pessoal da área de contratos para que tivesse um salário um pouco melhor (vocês leram isso a algum tempo) foi devolvido por “inadequação da experiência ao salário pretendido”. Toca sair correndo para ligar para o pessoal e lembrar do que já havia sido acordado. E a falha não foi deles: o memorando que esclarecia tudo não chegou em tempo. Alguém entendeu que o contrato iria em papel, quando na realidade foi pela intranet. O principal é que pelo menos até agora vou conseguir manter minha palavra com o rapaz, apesar de quase terem botado ele para correr por causa de salário.
Quanto a isto é engraçado notar que a outra equipe (de pesquisa) acabou justamente de perder um bom estatístico (se bem que há quem diga que estatístico bom é estatístico morto :-) e bem treinado justamente por inabilidade de negociar o contrato. Como penalidade, tiveram que contratar um novo e isso ficou quase 30% mais caro. Para quem, como eles, anda curto de grana, foi um movimento nada interessante.
Em tempo: em sua próxima viagem não se assuste se tendo recebido sua passagem TAM e feito seu check in nesta companhia, você embarcar com uma equipe de terra e em uma aeronave Varig.
The Lurker Says: "Support bacteria. They're the only culture some people have."
agosto 18, 2003
The Lurker Radio (ou here we go again)
Estes períodos de "soltericie-provisória" que se abatem sobre mim com certa periodicidade agora, e por motivos os mais vários, sempre têm consequências sobre meu estado de espírito (a mais das vezes, nada interessantes). Considerando-se ainda o desaparecimento do monossílabo Si, que não se manifesta para coisa alguma já tem um tempo, a situação descamba do incômodo para o depressivo. Mas, também, fazer o quê...
Em homenagem aos deprimentes anônimos e depressivos conhecidos, segue...
Primeiros Erros
Capital Inicial
Album: Capital Inicial Acústico MTV
Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde estou
Meu destino não é de ninguém
E eu não deixo os meus passos no chão
Se você não entende não vê
Se não me vê não entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende
Se o meu corpo virasse sol
Minha mente virasse sol
Mas só chove e chove, chove e chove
Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros, oh
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove e chove, chove e chove
Ps: - Sim, é a versão do Capital. Depressivo, ma no troppo... :-)
The Lurker Says: "Alguém teria um guarda-chuva?"
Estes períodos de "soltericie-provisória" que se abatem sobre mim com certa periodicidade agora, e por motivos os mais vários, sempre têm consequências sobre meu estado de espírito (a mais das vezes, nada interessantes). Considerando-se ainda o desaparecimento do monossílabo Si, que não se manifesta para coisa alguma já tem um tempo, a situação descamba do incômodo para o depressivo. Mas, também, fazer o quê...
Em homenagem aos deprimentes anônimos e depressivos conhecidos, segue...
Primeiros Erros
Capital Inicial
Album: Capital Inicial Acústico MTV
Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde estou
Meu destino não é de ninguém
E eu não deixo os meus passos no chão
Se você não entende não vê
Se não me vê não entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende
Se o meu corpo virasse sol
Minha mente virasse sol
Mas só chove e chove, chove e chove
Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros, oh
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove e chove, chove e chove
Ps: - Sim, é a versão do Capital. Depressivo, ma no troppo... :-)
The Lurker Says: "Alguém teria um guarda-chuva?"
julho 30, 2003
The Lurker e as fraudes acadêmicas (ou "Caveat Emptor!")
Poucas coisas tem me tirado tanto do sério como corrigir provas. Convenhamos: a prova é um diálogo entre o professor e o aluno. O primeiro quer medir o que o segundo sabe. O segundo, quer se livrar da avaliação com o que sabe (e mesmo com o que não sabe). Diferente de muitos de meus colegas, eu acredito que “roubar” faz parte das armas disponíveis por parte do aluno. E impedir que isto aconteça é obrigação do professor, que dispõe também de suas armas. A regra do jogo funciona mais ou menos como a Convenção de Genebra: O prisioneiro de guerra tem o direito de tentar escapar e o carcereiro a obrigação de mantê-lo em reclusão.Da mesma maneira, o aluno tem o “direito” de tentar colar e cabe ao professor coibi-lo.
Por exemplo: no outro dia uma das turmas estava muito agitada com a prova de Matemática Financeira no segundo horário. Enquanto eu dava minha aula, alguns alunos se “preparavam” para a prova. Passando ao lado de uma aluna, notei que ela copiava, de um papel minúsculo, informações para sua carteira. Ato contínuo e sem maiores esclarecimentos tomei-lhe o papel da mão.
- Mas... Professor! O senhor não pode fazer isso!
- E o que você espera que eu faça? – respondi – Você sabe que não é correto o que está fazendo.
Aproximei-me então da carteira e, com um movimento rápido da mão, apaguei o que ela havia escrito.
- Ah, assim não dá! Disse ela.
- Você sempre pode reclamar com a coordenação de curso – respondi.
Os alunos que acompanharam a cena recolheram seus “bilhetes”. Os que não tinham bilhetes se limitaram a rir do infortúnio da colega.
Essa coisa de cola talvez seja um dos motivos pelos quais minhas provas são sempre discursivas: você tem que suar um pouco para me convencer de que sabe. Isso pode não ser necessariamente fácil, dado que minhas duas turmas comportam aproximadamente setenta alunos.
Pois estava eu a ler uma das provas quando me deparo com um texto muito parecido com o que havia lido em outra prova... parecido? Melhor idêntico... nahhh... ipsis literis seria mais adequado dizer. Parágrafos inteiros copiados de uma prova para outra. Bem, vamos agora descobrir quem é o autor(a) da brincadeira, quando descubro outra prova com o mesmo texto copiado. Muito bem, paciência tem limite: querer colar, tudo bem. Copiar o texto é burro, mas fazer isso DUAS vezes é apostar na minha incompetência. E aí já é acinte.
Mas então vamos ao trabalho dos alunos colantes, trabalho este cuja finalidade era justamente levantar a nota de quem precisava deste expediente. Pois não é que o trabalho também é colado? Só que desta vez da Internet. Com essa eu perdi a paciência. Ainda não decidi o procedimento, mas que isso não fica assim, ah, não fica!
The Lurker Says: "Cheat me in the price, but not in the goods."
-- Provérbio Britânico
Poucas coisas tem me tirado tanto do sério como corrigir provas. Convenhamos: a prova é um diálogo entre o professor e o aluno. O primeiro quer medir o que o segundo sabe. O segundo, quer se livrar da avaliação com o que sabe (e mesmo com o que não sabe). Diferente de muitos de meus colegas, eu acredito que “roubar” faz parte das armas disponíveis por parte do aluno. E impedir que isto aconteça é obrigação do professor, que dispõe também de suas armas. A regra do jogo funciona mais ou menos como a Convenção de Genebra: O prisioneiro de guerra tem o direito de tentar escapar e o carcereiro a obrigação de mantê-lo em reclusão.Da mesma maneira, o aluno tem o “direito” de tentar colar e cabe ao professor coibi-lo.
Por exemplo: no outro dia uma das turmas estava muito agitada com a prova de Matemática Financeira no segundo horário. Enquanto eu dava minha aula, alguns alunos se “preparavam” para a prova. Passando ao lado de uma aluna, notei que ela copiava, de um papel minúsculo, informações para sua carteira. Ato contínuo e sem maiores esclarecimentos tomei-lhe o papel da mão.
- Mas... Professor! O senhor não pode fazer isso!
- E o que você espera que eu faça? – respondi – Você sabe que não é correto o que está fazendo.
Aproximei-me então da carteira e, com um movimento rápido da mão, apaguei o que ela havia escrito.
- Ah, assim não dá! Disse ela.
- Você sempre pode reclamar com a coordenação de curso – respondi.
Os alunos que acompanharam a cena recolheram seus “bilhetes”. Os que não tinham bilhetes se limitaram a rir do infortúnio da colega.
Essa coisa de cola talvez seja um dos motivos pelos quais minhas provas são sempre discursivas: você tem que suar um pouco para me convencer de que sabe. Isso pode não ser necessariamente fácil, dado que minhas duas turmas comportam aproximadamente setenta alunos.
Pois estava eu a ler uma das provas quando me deparo com um texto muito parecido com o que havia lido em outra prova... parecido? Melhor idêntico... nahhh... ipsis literis seria mais adequado dizer. Parágrafos inteiros copiados de uma prova para outra. Bem, vamos agora descobrir quem é o autor(a) da brincadeira, quando descubro outra prova com o mesmo texto copiado. Muito bem, paciência tem limite: querer colar, tudo bem. Copiar o texto é burro, mas fazer isso DUAS vezes é apostar na minha incompetência. E aí já é acinte.
Mas então vamos ao trabalho dos alunos colantes, trabalho este cuja finalidade era justamente levantar a nota de quem precisava deste expediente. Pois não é que o trabalho também é colado? Só que desta vez da Internet. Com essa eu perdi a paciência. Ainda não decidi o procedimento, mas que isso não fica assim, ah, não fica!
The Lurker Says: "Cheat me in the price, but not in the goods."
-- Provérbio Britânico
The Lurker e a desabalada carreira (ou correndo mais que a Maureen Maggi)
Gente, que loucura está esse dia... Todos os projetos resolveram andar ao mesmo tempo. Parece que estavam todos na linha de saída e foi dada a largada. Nem bem saio do jurídico de um, liga-me a advogada do outro, pedindo material para ser juntado (sic) ao processo de Assistência Preparatória.
E caem os eucaliptos em sacrifício, tornando-se montanhas de papel para saciar a fome dos burocratas. Sofrem as impressoras em holocausto, submissas às inconstâncias e incongruências dos amanuenses.
The Lurker Says: Stay tuned. News at eleven.
Gente, que loucura está esse dia... Todos os projetos resolveram andar ao mesmo tempo. Parece que estavam todos na linha de saída e foi dada a largada. Nem bem saio do jurídico de um, liga-me a advogada do outro, pedindo material para ser juntado (sic) ao processo de Assistência Preparatória.
E caem os eucaliptos em sacrifício, tornando-se montanhas de papel para saciar a fome dos burocratas. Sofrem as impressoras em holocausto, submissas às inconstâncias e incongruências dos amanuenses.
The Lurker Says: Stay tuned. News at eleven.
julho 28, 2003
The Lurker Radio (ou Farewell song to a dying social structure)
Muito bem, depois de uma semana absolutamente louca e um fim de semana inócuo em termos de descanso, voltamos ao combate. Contornada a crise gerada pela quase dissidência das fileiras em minha equipe, causada por um profissional que me informou que não renovaria o contrato que ora se extingue, sou obrigado a render-me às evidências do pandemônio que se instala cada vez mais na estrutura de governo. Os jornais como dantes apontam para a lama, para a politicagem que cresce, para o ressurgimento da política do "é dando que se recebe", resgatando o estilo em voga desde que as naus da família real aportaram no país.
Desta forma, iniciamos a semana com uma trilha sonora adequada ao animo...
Spirits in the Material World
The Police
Album: Ghost in the machine (1981)
There is no political solution
To our troubled evolution
Have no faith in constitution
There is no bloody revolution
We are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Our so-called leaders speak
With words they try to jail you
The subjugate the meek
But it’s the rhetoric of failure
We are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Where does the answer lie?
Living from day to day
If it’s something we can’t buy
There must be another way
We are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Are spirits in the material world
The Lurker Says: "There must be, not a balance of power, but a community of power; not organized rivalries, but an organized peace." Woodrow T. Wilson (Presidente Norte-americano, para fins de comparação ;-)
Muito bem, depois de uma semana absolutamente louca e um fim de semana inócuo em termos de descanso, voltamos ao combate. Contornada a crise gerada pela quase dissidência das fileiras em minha equipe, causada por um profissional que me informou que não renovaria o contrato que ora se extingue, sou obrigado a render-me às evidências do pandemônio que se instala cada vez mais na estrutura de governo. Os jornais como dantes apontam para a lama, para a politicagem que cresce, para o ressurgimento da política do "é dando que se recebe", resgatando o estilo em voga desde que as naus da família real aportaram no país.
Desta forma, iniciamos a semana com uma trilha sonora adequada ao animo...
Spirits in the Material World
The Police
Album: Ghost in the machine (1981)
There is no political solution
To our troubled evolution
Have no faith in constitution
There is no bloody revolution
We are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Our so-called leaders speak
With words they try to jail you
The subjugate the meek
But it’s the rhetoric of failure
We are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Where does the answer lie?
Living from day to day
If it’s something we can’t buy
There must be another way
We are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Are spirits in the material world
Are spirits in the material world
The Lurker Says: "There must be, not a balance of power, but a community of power; not organized rivalries, but an organized peace." Woodrow T. Wilson (Presidente Norte-americano, para fins de comparação ;-)
julho 23, 2003
The Lurker e O Nome da Rosa (ou de como um livro perdido nas areias do tempo é resgatado)
A recente viagem ao Rio apresentou benefícios surpreendentes sob alguns aspectos. O encontro, como disse em outra ocasião, se realizou no Instituto de Matemática Pura e Aplicada - IMPA. O instituto tem, além de uma infra-estrutura interessantíssima, uma biblioteca de fazer inveja, tanto por seu sistema informatizado quanto pela qualidade do acervo.
No intervalo do almoço eu estava justamente passeando pelo programa de busca quando o Marcus entrou e sugeriu que pesquisasse pelo nome de um autor, famoso em nosso campo, que possui um livro especialmente difícil de se conseguir. Este em particular foi editado em 1968 e não teve reimpressões que se conheçam, eu procurei em Nova Iorque e em Paris, sem sucesso. A edição é rara, como se não bastasse.
Qual não foi, portanto, nossa surpresa quando, digitado o título do dito cujo a resposta foi positiva. Levantamos os dois, exclamando em voz alta e fazendo comentários de assombro e alegria genuína. Outros dois colegas se acercaram. E começaram a exclamar e comentar também. Neste momento, a bibliotecária já nos olhava assombrada: nunca vira tanta bulha por causa de um livro.
- Nós só vimos uma cópia (xerox) deste livro, uma vez, em Brasília - esclareci. - Mas o professor que tinha a cópia se recusou a nos deixar fazer uma outra.
Perguntamos então se poderíamos copiar o exemplar existente, ao que a bibliotecária, ciosa de seus deveres, recusou-se categoricamente.
- O limite para cópias de livros é de até 14 páginas - disse ela.
- Bem, neste caso, nós somos quatro, deve dar pelo menos 56.
Ela não pareceu concordar muito com a proposta, mas levou-nos até a prateleira onde estava o livro. É difícil explicar a sensação de encontrar uma coisa destas, mas diria que não é muito incorreto dizer que estávamos eufóricos. Voltamos com o livro, saindo da área reservada para a sala comum.
Para retirar o livro é necessário preencher a ficha de catalogação que o acompanha (como na maior parte das bibliotecas, diga-se de passagem). Quando puxamos a ficha, outra série de exclamações se seguiu. O único nome registrado, a única pessoa que jamais havia retirado o livro da biblioteca, era justamente nosso professor fominha! Os comentários que se seguiram terminaram por denunciá-lo inadvertidamente. Um detalhe para dar a devida dimensão ao fato: o livro, como mencionei, foi editado em 1968, adquirido pela biblioteca em 1982 e a única retirada (a dele!) havia sido em 1994.
Já estávamos conformados com as páginas a que teríamos direito e escolhemos nossos minguados e preciosos capítulos. Alguma coisa nos olhos da bibliotecária, entretanto, me dizia outra coisa. Pediu-nos que voltassemos no dia seguinte para que fossem cumpridos os ritos de praxe. Bem ela pediu, melhor nós executamos.
No dia seguinte, no mesmo horário retornamos para receber nossas páginas... apenas para receber uma cópia completa!
- Eu vi o quanto vocês precisavam - foi a explicação.
Ouvindo isso, só restou-me lembrar de William de Baskerville que, juntamente com Adso de Melk, adentra a biblioteca beneditina para resgatar o segundo volume da Poética de Aristóteles, o livro proibido de páginas envenenadas, que matava misteriosamente aquele que o lia:
"Uma Abadia é sempre um lugar onde os monges estão em luta entre si para se apoderar do governo da comunidade" - Humberto Eco (O Nome da Rosa - p. 153).
Isso parece igualmente ser verdade para a vida academica...
The Lurker says:"Rerum Novarum ex semel excitata cupiditate" (Encíclica Rerum Novarum - Papa Leão XIII)
A recente viagem ao Rio apresentou benefícios surpreendentes sob alguns aspectos. O encontro, como disse em outra ocasião, se realizou no Instituto de Matemática Pura e Aplicada - IMPA. O instituto tem, além de uma infra-estrutura interessantíssima, uma biblioteca de fazer inveja, tanto por seu sistema informatizado quanto pela qualidade do acervo.
No intervalo do almoço eu estava justamente passeando pelo programa de busca quando o Marcus entrou e sugeriu que pesquisasse pelo nome de um autor, famoso em nosso campo, que possui um livro especialmente difícil de se conseguir. Este em particular foi editado em 1968 e não teve reimpressões que se conheçam, eu procurei em Nova Iorque e em Paris, sem sucesso. A edição é rara, como se não bastasse.
Qual não foi, portanto, nossa surpresa quando, digitado o título do dito cujo a resposta foi positiva. Levantamos os dois, exclamando em voz alta e fazendo comentários de assombro e alegria genuína. Outros dois colegas se acercaram. E começaram a exclamar e comentar também. Neste momento, a bibliotecária já nos olhava assombrada: nunca vira tanta bulha por causa de um livro.
- Nós só vimos uma cópia (xerox) deste livro, uma vez, em Brasília - esclareci. - Mas o professor que tinha a cópia se recusou a nos deixar fazer uma outra.
Perguntamos então se poderíamos copiar o exemplar existente, ao que a bibliotecária, ciosa de seus deveres, recusou-se categoricamente.
- O limite para cópias de livros é de até 14 páginas - disse ela.
- Bem, neste caso, nós somos quatro, deve dar pelo menos 56.
Ela não pareceu concordar muito com a proposta, mas levou-nos até a prateleira onde estava o livro. É difícil explicar a sensação de encontrar uma coisa destas, mas diria que não é muito incorreto dizer que estávamos eufóricos. Voltamos com o livro, saindo da área reservada para a sala comum.
Para retirar o livro é necessário preencher a ficha de catalogação que o acompanha (como na maior parte das bibliotecas, diga-se de passagem). Quando puxamos a ficha, outra série de exclamações se seguiu. O único nome registrado, a única pessoa que jamais havia retirado o livro da biblioteca, era justamente nosso professor fominha! Os comentários que se seguiram terminaram por denunciá-lo inadvertidamente. Um detalhe para dar a devida dimensão ao fato: o livro, como mencionei, foi editado em 1968, adquirido pela biblioteca em 1982 e a única retirada (a dele!) havia sido em 1994.
Já estávamos conformados com as páginas a que teríamos direito e escolhemos nossos minguados e preciosos capítulos. Alguma coisa nos olhos da bibliotecária, entretanto, me dizia outra coisa. Pediu-nos que voltassemos no dia seguinte para que fossem cumpridos os ritos de praxe. Bem ela pediu, melhor nós executamos.
No dia seguinte, no mesmo horário retornamos para receber nossas páginas... apenas para receber uma cópia completa!
- Eu vi o quanto vocês precisavam - foi a explicação.
Ouvindo isso, só restou-me lembrar de William de Baskerville que, juntamente com Adso de Melk, adentra a biblioteca beneditina para resgatar o segundo volume da Poética de Aristóteles, o livro proibido de páginas envenenadas, que matava misteriosamente aquele que o lia:
"Uma Abadia é sempre um lugar onde os monges estão em luta entre si para se apoderar do governo da comunidade" - Humberto Eco (O Nome da Rosa - p. 153).
Isso parece igualmente ser verdade para a vida academica...
The Lurker says:"Rerum Novarum ex semel excitata cupiditate" (Encíclica Rerum Novarum - Papa Leão XIII)
julho 22, 2003
The Lurker e a moderna poesia argentina (ou calla y cojea)
Confianzas
Juan Gelman
(Relaciones)
se sienta a la mesa y escribe
«con este poema no tomarás el poder» dice
«con estos versos no harás la Revolución» dice
«ni con miles de versos harás la Revolución» dice
y más: esos versos no han de servirle para
que peones maestros hacheros vivan mejor
coman mejor o él mismo coma viva mejor
ni para enamorar a una le servirán
no ganará plata con ellos
no entrará al cine gratis con ellos
no le darán ropa por ellos
no conseguirá tabaco o vino por ellos
ni papagayos ni bufandas ni barcos
ni toros ni paraguas conseguirá por ellos
si por ellos fuera la lluvia lo mojará
no alcanzará perdón o gracia por ellos
«con este poema no tomarás el poder» dice
«con estos versos no harás la Revolución» dice
«ni con miles de versos harás la Revolución» dice
se sienta a la mesa y escribe
The Lurker dice: "(...) Cierra los ojos ante el viento/ que agita su pollera y/ sobre ella cae la vida continua." - Juan Gelman
Confianzas
Juan Gelman
(Relaciones)
se sienta a la mesa y escribe
«con este poema no tomarás el poder» dice
«con estos versos no harás la Revolución» dice
«ni con miles de versos harás la Revolución» dice
y más: esos versos no han de servirle para
que peones maestros hacheros vivan mejor
coman mejor o él mismo coma viva mejor
ni para enamorar a una le servirán
no ganará plata con ellos
no entrará al cine gratis con ellos
no le darán ropa por ellos
no conseguirá tabaco o vino por ellos
ni papagayos ni bufandas ni barcos
ni toros ni paraguas conseguirá por ellos
si por ellos fuera la lluvia lo mojará
no alcanzará perdón o gracia por ellos
«con este poema no tomarás el poder» dice
«con estos versos no harás la Revolución» dice
«ni con miles de versos harás la Revolución» dice
se sienta a la mesa y escribe
The Lurker dice: "(...) Cierra los ojos ante el viento/ que agita su pollera y/ sobre ella cae la vida continua." - Juan Gelman
julho 18, 2003
The Lurker Radio (ou desperate times call for desperate measures...)
Tenho um amigo que, durante muito tempo, ganhou uns cobres como "DJ", antes disso cair na decadência que é hoje. Naqueles tempos de carregar caixa de som, iluminação, equipamentos e cabos, tinhamos uma música que sempre encerrava a festa, após a qual os "serviços de sonorização" eram definitivamente concluídos.
Nada mais adequado para terminar a semana, não acham?
Bad
U2
Album: Wide Awake In America
If you twist and turn away
If you tear yourself in two again
If I could, yes I would
If I could, I would
Let it go
Surrender
Dislocate
If I could throw this
Lifeless lifeline to the wind
Leave this heart of clay
See you walk, walk away
Into the night
And through the rain
Into the half - light
And through the flame
If I could through myself
Set your spirit free
I'd lead your heart away
See you break, break away
Into the light
And to the day
To let it go
And so to fade away
To let it go
And so fade away
I'm wide awake
I'm wide awake
Wide awake
I'm not sleeping
Oh, no, no, no
If you should ask then maybe they'd
Tell you what I would say
True colors fly in blue and black
Bruised silken sky and burning flag
Colors crash, collide in blood shot eyes
If I could, you know I would
If I could, I would
Let it go...
This desperation
Dislocation
Separation
Condemnation
Revelation
In temptation
Isolation
Desolation
Let it go
And so fade away
To let it go
And so fade away
To let it go
And so to fade away
I'm wide awake
I'm wide awake
Wide awake
I'm not sleeping
Oh, no, no, no
The Lurker says: "I'm wide awake; I'm not sleeping"
Tenho um amigo que, durante muito tempo, ganhou uns cobres como "DJ", antes disso cair na decadência que é hoje. Naqueles tempos de carregar caixa de som, iluminação, equipamentos e cabos, tinhamos uma música que sempre encerrava a festa, após a qual os "serviços de sonorização" eram definitivamente concluídos.
Nada mais adequado para terminar a semana, não acham?
Bad
U2
Album: Wide Awake In America
If you twist and turn away
If you tear yourself in two again
If I could, yes I would
If I could, I would
Let it go
Surrender
Dislocate
If I could throw this
Lifeless lifeline to the wind
Leave this heart of clay
See you walk, walk away
Into the night
And through the rain
Into the half - light
And through the flame
If I could through myself
Set your spirit free
I'd lead your heart away
See you break, break away
Into the light
And to the day
To let it go
And so to fade away
To let it go
And so fade away
I'm wide awake
I'm wide awake
Wide awake
I'm not sleeping
Oh, no, no, no
If you should ask then maybe they'd
Tell you what I would say
True colors fly in blue and black
Bruised silken sky and burning flag
Colors crash, collide in blood shot eyes
If I could, you know I would
If I could, I would
Let it go...
This desperation
Dislocation
Separation
Condemnation
Revelation
In temptation
Isolation
Desolation
Let it go
And so fade away
To let it go
And so fade away
To let it go
And so to fade away
I'm wide awake
I'm wide awake
Wide awake
I'm not sleeping
Oh, no, no, no
The Lurker says: "I'm wide awake; I'm not sleeping"
julho 17, 2003
The Lurker e a entropia (ou de como anda a esplanada dos ministérios)
Essa eu tenho que contar, porque senão ninguém acredita. Antes do pequeno diálogo, cabe uma explicação. Em maio fiz uma apresentação na Universidade de Brasília sobre avaliação de programas e projetos sociais. Umas quarenta almas, se tanto, suportaram a hora da fome para ouvir o que tinha para contar. No final, uma moça (das poucas que fizeram perguntas inteligentes) me procura para discutir uma avaliação que eles vão preparar no Ministério do Esporte.
Ato contínuo, a moça liga uns dias depois, pede uma reunião. Da reunião, pede-se uma apresentação para um secretário e depois para todos os secretários do Ministério. Até aí, tudo bem: só se gastou tempo (montando uma Assistência Preparatória para o ME) e saliva. Já tem umas duas semanas que nada de novo acontecia e tratei de ir cuidar de outras coisas.
Muito bem. Estava eu, hoje às 9:00hs, cuidando da minha vida quando toca o telefone:
- E aí, está pronto para a apresentação? - pergunta meu coordenador geral.
- Como é que é? - foi a minha resposta.
- É, apresentação no Ministério do Esporte.
- Fale sério. Não faço idéia de apresentação nenhuma para eles. De onde saiu isto agora?
- Eu também não sabia – foi a resposta. Mas a apresentação é para o Ministro e vai ser às 10:00hs. Tinha um recado na minha mesa quando cheguei.
- Mas este pessoal não regula... Assim, como trovão em céu azul?
- Pois é. Algum problema?
- Não, não tem. A apresentação é a mesma da última vez. Vou ajeitar o orçamento e está pronto, mas não é bem assim que a banda toca... (risos)
- Fazer o que, né?
- Passo aí e pego você em meia hora?
- Ok. Espero você aqui.
Fim das contas: a apresentação foi feita (pela terceira vez, agora com a presença do secretariado E do Ministro). O Ministro achou que era aquilo mesmo e que os programas de governo precisam mais é de avaliação para saber seu impacto,... q.e.d.
O highlight foi conhecer a Secretária de Esporte de Alto Rendimento, Maria Paula Gonçalves da Silva, mais conhecida como “Magic Paula” ou “Paula do Basquete”, que é muito simpática.
The Lurker Says: "Life is infinitely stranger than anything which the mind of man could invent." Sherlock Holmes - A case of identity.
Essa eu tenho que contar, porque senão ninguém acredita. Antes do pequeno diálogo, cabe uma explicação. Em maio fiz uma apresentação na Universidade de Brasília sobre avaliação de programas e projetos sociais. Umas quarenta almas, se tanto, suportaram a hora da fome para ouvir o que tinha para contar. No final, uma moça (das poucas que fizeram perguntas inteligentes) me procura para discutir uma avaliação que eles vão preparar no Ministério do Esporte.
Ato contínuo, a moça liga uns dias depois, pede uma reunião. Da reunião, pede-se uma apresentação para um secretário e depois para todos os secretários do Ministério. Até aí, tudo bem: só se gastou tempo (montando uma Assistência Preparatória para o ME) e saliva. Já tem umas duas semanas que nada de novo acontecia e tratei de ir cuidar de outras coisas.
Muito bem. Estava eu, hoje às 9:00hs, cuidando da minha vida quando toca o telefone:
- E aí, está pronto para a apresentação? - pergunta meu coordenador geral.
- Como é que é? - foi a minha resposta.
- É, apresentação no Ministério do Esporte.
- Fale sério. Não faço idéia de apresentação nenhuma para eles. De onde saiu isto agora?
- Eu também não sabia – foi a resposta. Mas a apresentação é para o Ministro e vai ser às 10:00hs. Tinha um recado na minha mesa quando cheguei.
- Mas este pessoal não regula... Assim, como trovão em céu azul?
- Pois é. Algum problema?
- Não, não tem. A apresentação é a mesma da última vez. Vou ajeitar o orçamento e está pronto, mas não é bem assim que a banda toca... (risos)
- Fazer o que, né?
- Passo aí e pego você em meia hora?
- Ok. Espero você aqui.
Fim das contas: a apresentação foi feita (pela terceira vez, agora com a presença do secretariado E do Ministro). O Ministro achou que era aquilo mesmo e que os programas de governo precisam mais é de avaliação para saber seu impacto,... q.e.d.
O highlight foi conhecer a Secretária de Esporte de Alto Rendimento, Maria Paula Gonçalves da Silva, mais conhecida como “Magic Paula” ou “Paula do Basquete”, que é muito simpática.
The Lurker Says: "Life is infinitely stranger than anything which the mind of man could invent." Sherlock Holmes - A case of identity.
The Lurker Radio (ou music can say so much)
Esta música, ao ter sido tocada, lembrou-me certa pessoa... Sugiro o tom em monossílabo "Si" sustendido... ;-)
I'll Never Fall In Love Again
Burt Bacharach / Hal David
Album: Close To You (1970)
What do you get when you fall in love?
A girl with a pin to burst your bubble
That's what you get for all your trouble.
I'll never fall in love again.
I'll never fall in love again.
What do you get when you kiss a girl?
You get enough germs to catch pneumonia.
After you do, she'll never phone you.
I'll never fall in love again.
I'll never fall in love again.
Don't tell me what is all about,
'Cause I've been there and I'm glad I'm out,
Out of those chains, those chains that bind you
That is why I'm here to remind you
What do you get when you fall in love?
You get enough tears to fill an ocean
That's what you get for your devotion.
I'll never fall in love again.
I'll never fall in love again.
What do you get when you fall in love?
You only get lies and pain and sorrow.
So, for at least until tomorrow,
I'll never fall in love again!
I'll never fall in love again!
(Part of Bacharach/David - Medley)
Don't tell me what it's all about
`Cause I've been there and I'm glad I'm out
Out of those chains, those chains that bind you
That is why I'm here to remind you. (here to mind you) 3x
What do you get when you fall in love?
You only get lies and pain and sorrow
So, for at least, until tomorrow
I'll never fall in love again
Oh, I'll never fall in love again
The Lurker Says: "Love is a gross exaggeration of the difference between one person and everybody else." -- George Bernard Shaw
Esta música, ao ter sido tocada, lembrou-me certa pessoa... Sugiro o tom em monossílabo "Si" sustendido... ;-)
I'll Never Fall In Love Again
Burt Bacharach / Hal David
Album: Close To You (1970)
What do you get when you fall in love?
A girl with a pin to burst your bubble
That's what you get for all your trouble.
I'll never fall in love again.
I'll never fall in love again.
What do you get when you kiss a girl?
You get enough germs to catch pneumonia.
After you do, she'll never phone you.
I'll never fall in love again.
I'll never fall in love again.
Don't tell me what is all about,
'Cause I've been there and I'm glad I'm out,
Out of those chains, those chains that bind you
That is why I'm here to remind you
What do you get when you fall in love?
You get enough tears to fill an ocean
That's what you get for your devotion.
I'll never fall in love again.
I'll never fall in love again.
What do you get when you fall in love?
You only get lies and pain and sorrow.
So, for at least until tomorrow,
I'll never fall in love again!
I'll never fall in love again!
(Part of Bacharach/David - Medley)
Don't tell me what it's all about
`Cause I've been there and I'm glad I'm out
Out of those chains, those chains that bind you
That is why I'm here to remind you. (here to mind you) 3x
What do you get when you fall in love?
You only get lies and pain and sorrow
So, for at least, until tomorrow
I'll never fall in love again
Oh, I'll never fall in love again
The Lurker Says: "Love is a gross exaggeration of the difference between one person and everybody else." -- George Bernard Shaw
julho 16, 2003
The Lurker e o retorno ao Rio de Janeiro - Parte II (ou três vivas para a revolução digital)
No Brasil nossas companhias aéreas, por uma decisão lá delas, concluíram que não é interessante dar conforto aos passageiros. Explico: da última vez que voei de Atlanta para Salt Lake City (quem lê pensa que faço isso todo dia...) eles tiveram a decência de passar lá seu filminho para a turma de entulhados que, como eu, se acotovelava na classe econômica. É preciso que se entenda que o público que voa dentro dos EUA parece-se muito com nosso pessoal que anda de ônibus no sudeste do Brasil (mesma indumentária, mesmo chinelo de dedo, entulhados de pacotes, etc). Então, que pelo menos apareçam com um anestésico mental para o tédio de quem não vai conseguir dormir. A Aviaco, empresa aérea espanhola, teve o mesmo bom senso de passar um "Tom & Jerry" no vôo Madri-Paris a tempos atrás.
Ciente deste estado de coisas, nesta viagem ao Rio armei-me com meu notebook e uns episódios de Star Trek Enterprise baixados do Kazaa. Infelizmente na ida sofri de um pequeno esquecimento: fones de ouvido. O NB berrava mas era difícil compreender tudo, devido ao ruído interno da aeronave.
Na volta providenciei a aquisição de um par de fones intra-auriculares e vim, lampeiro e pimpão, vendo confortavelmente dois episódios seguidos. Neste ínterim, o menino que viajava na poltrona ao lado não conseguia tirar os olhos da tela (apesar de não ouvir nada). Por seu turno, a comissária interessou-se em saber de onde eu havia obtido os filmes (afinal, pelo menos em teoria, não é permitido o uso de CDs nos aviões).
Definitivamente eu ando mesmo viciado neste computadorzinho. Tomara que eles comecem a ficar mais leves, porque esse negócio de carregar quase dois quilos para um lado e para o outro tem efeitos nada positivos na postura de qualquer um.
The Lurker Says: “Sorry about the mess; sometimes I think my bunk-mate majored in chaos theory.” Crewman Daniels para Capt. Archer, "Cold Front."
No Brasil nossas companhias aéreas, por uma decisão lá delas, concluíram que não é interessante dar conforto aos passageiros. Explico: da última vez que voei de Atlanta para Salt Lake City (quem lê pensa que faço isso todo dia...) eles tiveram a decência de passar lá seu filminho para a turma de entulhados que, como eu, se acotovelava na classe econômica. É preciso que se entenda que o público que voa dentro dos EUA parece-se muito com nosso pessoal que anda de ônibus no sudeste do Brasil (mesma indumentária, mesmo chinelo de dedo, entulhados de pacotes, etc). Então, que pelo menos apareçam com um anestésico mental para o tédio de quem não vai conseguir dormir. A Aviaco, empresa aérea espanhola, teve o mesmo bom senso de passar um "Tom & Jerry" no vôo Madri-Paris a tempos atrás.
Ciente deste estado de coisas, nesta viagem ao Rio armei-me com meu notebook e uns episódios de Star Trek Enterprise baixados do Kazaa. Infelizmente na ida sofri de um pequeno esquecimento: fones de ouvido. O NB berrava mas era difícil compreender tudo, devido ao ruído interno da aeronave.
Na volta providenciei a aquisição de um par de fones intra-auriculares e vim, lampeiro e pimpão, vendo confortavelmente dois episódios seguidos. Neste ínterim, o menino que viajava na poltrona ao lado não conseguia tirar os olhos da tela (apesar de não ouvir nada). Por seu turno, a comissária interessou-se em saber de onde eu havia obtido os filmes (afinal, pelo menos em teoria, não é permitido o uso de CDs nos aviões).
Definitivamente eu ando mesmo viciado neste computadorzinho. Tomara que eles comecem a ficar mais leves, porque esse negócio de carregar quase dois quilos para um lado e para o outro tem efeitos nada positivos na postura de qualquer um.
The Lurker Says: “Sorry about the mess; sometimes I think my bunk-mate majored in chaos theory.” Crewman Daniels para Capt. Archer, "Cold Front."
julho 15, 2003
The Lurker e o retorno ao mundo real (ou bigornas engraçadas são as de 16 toneladas...)
Considerando-se o rumo das atividades e o dia de ontem, cabe um pequeno interlúdio musical em nossa saga sobre o Rio de Janeiro (em especial porque o blogger ainda come os acentos).
"A Man"
Alanis Morissette
Album: Under Rug Swept
I am a man as a man I've been told
Bacon is brought to the house in this mold
Born of your bellies I yearn for the cord
Years I have groveled repentance ignored
And I have been blamed
And I have repented
I'm working my way toward our union mended
I am man who has grown from a son
Been crucified by enraged women
I am son who was raised by such men
I'm often reminded of the fools I'm among
And I have been shamed
And I have relented
I'm working my way toward our union mended
And I have been shamed
And I have repented
I'm working my way toward our union mended
we don't fare well with endless reprimands
we don't do well with a life served as a sentence
this won't work well if you're hell bent on your offence
I am a man who understands your resistance
I am a man who still does what he can
to dispel our archaic reputation
I am a man who has heard all he can
cuz I don't fare well with endless punishment
Cuz I have been blamed and I have repented
I'm working my way toward our union mended
And we have been blamed and we have repented
I'm working my way toward our union mended
The Lurker Says: Say what?
Considerando-se o rumo das atividades e o dia de ontem, cabe um pequeno interlúdio musical em nossa saga sobre o Rio de Janeiro (em especial porque o blogger ainda come os acentos).
"A Man"
Alanis Morissette
Album: Under Rug Swept
I am a man as a man I've been told
Bacon is brought to the house in this mold
Born of your bellies I yearn for the cord
Years I have groveled repentance ignored
And I have been blamed
And I have repented
I'm working my way toward our union mended
I am man who has grown from a son
Been crucified by enraged women
I am son who was raised by such men
I'm often reminded of the fools I'm among
And I have been shamed
And I have relented
I'm working my way toward our union mended
And I have been shamed
And I have repented
I'm working my way toward our union mended
we don't fare well with endless reprimands
we don't do well with a life served as a sentence
this won't work well if you're hell bent on your offence
I am a man who understands your resistance
I am a man who still does what he can
to dispel our archaic reputation
I am a man who has heard all he can
cuz I don't fare well with endless punishment
Cuz I have been blamed and I have repented
I'm working my way toward our union mended
And we have been blamed and we have repented
I'm working my way toward our union mended
The Lurker Says: Say what?
julho 14, 2003
The Lurker e o retorno ao Rio de Janeiro - Parte I (ou a viagem gastronômica de Gulliver)
Esta viagem ao Rio necessitará ser contada em partes. Desta vez tratava-se do IX Seminário de Estatística Aplicada, promovido pelo IASI - Instituto Interamericano de Estatística. Trata-se de uma das mais prestigiosas instituições do campo e o evento contou com a participação de gente de peso, tanto nacional quanto internacional. Como experiência acadêmica foi um episódio excelente: tornei a encontrar diversos técnicos que conheci de tempos passados e fiz novos contatos que, num futuro nada distante, poder?o render trabalhos interessantes. Mas deixemos este papo para mais adiante.
Continuo, como de hábito, buscando lugares interessantes para o repasto vespertino, o qual deve forçosamente ser partilhado como uma companhia inteligente e agradável. Tenho tido muita sorte no Rio quanto a este aspecto. Além do Antiquarius, agora janta-se também no Gero (pronuncia-se djêro). Filhote de seu contraparte, o Fasano, de São Paulo, o Gero possui uma cozinha de excelente qualidade. As massas, pães e outros farináceos são produzidos pelo próprio estabelecimento e servidos frescos. A adega é bem suprida, seu sommelier é instrutivo sem ser intrusivo. Conhece o ramo e seu trabalho. O vinho da noite foi um italiano da região da Úmbria. Confesso minha ignorância: desconhecia que eles produzissem vinho de qualidade por lá. O que nos foi servido era denso e evoluiu muito bem em sua hora de vida, reproduzindo desde especiarias em seu início a frutas vermelhas em seu final. Se eu pelo menos me lembrasse o nome.... Ah sim, as massas al dente estavam excepcionais.
Meu par para a noite tem um hábito peculiar: julga a qualidade do restaurante (italiano) pelo padrão de seu Fetuccine Alfredo, o qual não deve ser feito com creme, (note bem – eu também ignorava). Parece-me um jeito sencillo, como diriam os espanhóis, de se estabelecer uma escala de qualidade, dado que sempre se compara algo com um padrão. Segundo a análise, desta vez o Alfredo estava “to die for”. Não falo do Alfredo, mas posso falar do Talharim aos Quatro Fromaggios, que estava igualmente excepcional. A sobremesa foi um Gateau de chocolate com limão extremamente interessante. O detalhe, que oferece dezenas de pontos na escala São Paulo de atendimento, está em que nada disso consta do cardápio: além de possuírem alta qualidade profissional, os membros da equipe do Gero mostraram versatilidade.
O Antiquarius continua o mesmo. Recomendo, como de hábito, o Filé ao Roquefort. Segundo a crônica, o Camarão (como a anos não vejo daquele tamanho) empanado e recheado com catupiry, também estava à altura do restaurante. A má notícia é que eles saíram da associação da boa lembrança. Ou seja, pessoal, se você tem um prato deles, cuide com carinho, que agora é peça de coleção... Eu tenho o meu, Bacalhau Nunca Chega, adquirido em 2000, continua em perfeito estado... feliz de quem tem o Arroz de Codornizes, que é mais antigo ainda e foi o prato deles por muitos anos... :-)
Em tempo: as "celebridades" da noite ficaram por conta de Agildo Ribeiro (fumando um havana fedorentíssimo) e do Edney Silvestre na mesa do lado.
De passagem por Ipanema, fui igualmente ao Porcão, visitar meu amigo e sommelier da casa, Nibelto (não, eu não seleciono meus amigos pelo nome... :-). Foi uma visita muito interessante, por todo o cuidado e surpresa dele ao me encontrar. Principalmente porque me anunciei como policial civil ao pessoal da recepção... Precisava ver a cara do pobre rapaz quando foi chamá-lo. O resto foi festa e meia hora de discussão sobre vinhos. Detalhe – apesar de interessante, a adega de Ipanema não vale o cadarço da de Brasília e ele sabe disso, pois já trabalhou aqui. De qualquer maneira, mais um estabelecimento com o padrão Porcão de qualidade.
The Lurker Says: One cannot think well, love well, sleep well, if one has not dined well. (Virginia Woolf (1882-1941).
Esta viagem ao Rio necessitará ser contada em partes. Desta vez tratava-se do IX Seminário de Estatística Aplicada, promovido pelo IASI - Instituto Interamericano de Estatística. Trata-se de uma das mais prestigiosas instituições do campo e o evento contou com a participação de gente de peso, tanto nacional quanto internacional. Como experiência acadêmica foi um episódio excelente: tornei a encontrar diversos técnicos que conheci de tempos passados e fiz novos contatos que, num futuro nada distante, poder?o render trabalhos interessantes. Mas deixemos este papo para mais adiante.
Continuo, como de hábito, buscando lugares interessantes para o repasto vespertino, o qual deve forçosamente ser partilhado como uma companhia inteligente e agradável. Tenho tido muita sorte no Rio quanto a este aspecto. Além do Antiquarius, agora janta-se também no Gero (pronuncia-se djêro). Filhote de seu contraparte, o Fasano, de São Paulo, o Gero possui uma cozinha de excelente qualidade. As massas, pães e outros farináceos são produzidos pelo próprio estabelecimento e servidos frescos. A adega é bem suprida, seu sommelier é instrutivo sem ser intrusivo. Conhece o ramo e seu trabalho. O vinho da noite foi um italiano da região da Úmbria. Confesso minha ignorância: desconhecia que eles produzissem vinho de qualidade por lá. O que nos foi servido era denso e evoluiu muito bem em sua hora de vida, reproduzindo desde especiarias em seu início a frutas vermelhas em seu final. Se eu pelo menos me lembrasse o nome.... Ah sim, as massas al dente estavam excepcionais.
Meu par para a noite tem um hábito peculiar: julga a qualidade do restaurante (italiano) pelo padrão de seu Fetuccine Alfredo, o qual não deve ser feito com creme, (note bem – eu também ignorava). Parece-me um jeito sencillo, como diriam os espanhóis, de se estabelecer uma escala de qualidade, dado que sempre se compara algo com um padrão. Segundo a análise, desta vez o Alfredo estava “to die for”. Não falo do Alfredo, mas posso falar do Talharim aos Quatro Fromaggios, que estava igualmente excepcional. A sobremesa foi um Gateau de chocolate com limão extremamente interessante. O detalhe, que oferece dezenas de pontos na escala São Paulo de atendimento, está em que nada disso consta do cardápio: além de possuírem alta qualidade profissional, os membros da equipe do Gero mostraram versatilidade.
O Antiquarius continua o mesmo. Recomendo, como de hábito, o Filé ao Roquefort. Segundo a crônica, o Camarão (como a anos não vejo daquele tamanho) empanado e recheado com catupiry, também estava à altura do restaurante. A má notícia é que eles saíram da associação da boa lembrança. Ou seja, pessoal, se você tem um prato deles, cuide com carinho, que agora é peça de coleção... Eu tenho o meu, Bacalhau Nunca Chega, adquirido em 2000, continua em perfeito estado... feliz de quem tem o Arroz de Codornizes, que é mais antigo ainda e foi o prato deles por muitos anos... :-)
Em tempo: as "celebridades" da noite ficaram por conta de Agildo Ribeiro (fumando um havana fedorentíssimo) e do Edney Silvestre na mesa do lado.
De passagem por Ipanema, fui igualmente ao Porcão, visitar meu amigo e sommelier da casa, Nibelto (não, eu não seleciono meus amigos pelo nome... :-). Foi uma visita muito interessante, por todo o cuidado e surpresa dele ao me encontrar. Principalmente porque me anunciei como policial civil ao pessoal da recepção... Precisava ver a cara do pobre rapaz quando foi chamá-lo. O resto foi festa e meia hora de discussão sobre vinhos. Detalhe – apesar de interessante, a adega de Ipanema não vale o cadarço da de Brasília e ele sabe disso, pois já trabalhou aqui. De qualquer maneira, mais um estabelecimento com o padrão Porcão de qualidade.
The Lurker Says: One cannot think well, love well, sleep well, if one has not dined well. (Virginia Woolf (1882-1941).
maio 25, 2003
The Lurker and The Lurker (ou Tecum Nosce)
Sou um otimista por natureza. Acho que tudo vai dar certo e acredito, erradamente, que coisas ruins não acontecem às boas pessoas. Creio no trabalho e na dedicação como forma de ascensão social. Fujo de gente preguiçosa, mas reconheço a necessidade do ócio (criativo ou não). Acredito que o caminho mais interessante normalmente é o mais difícil. Sou áries com ascendente em capricórnio, o que dá os dois cabeçudos do zodíaco num cara só. Nem sempre sou fácil de lidar e reconheço isso. Peco mais pelo excesso do que pela falta. Às vezes me arrependo. Outras não.
Morro de medo de dar com a cara na parede. Não deixo de correr riscos o tempo todo. Já caí do cavalo, mas monto de volta tantas quantas for necessário. Já fiz escolhas profissionais erradas. Costumo morder mais do que posso mastigar, mas não aprendo apesar de tudo.
Sou amigo de meus amigos. Eles sabem quem são e o que isso significa. Sou verdadeiro, leal, franco e sincero. Digo na cara se achar que é necessário, mesmo que doa. Me mordo se não falar e descobrir que fazia diferença. Vou direto ao ponto, detesto filigranas e rodeios sociais.
Já fui guia turístico, gerente de restaurante e professor de informática (em domicílio). Hoje tenho uma equipe de avaliação para coordenar e nunca me diverti tanto no trabalho. Estudei música, economia, e psicologia. Fiz graduação, mestrado e espero concluir o doutorado. Tenho grande facilidade para falar outras línguas e isso já me abriu várias portas.
Dizem que tenho um senso de humor mordaz e ácido. Gosto quando consigo ser engraçado ou divertido. Perco a piada para manter o amigo. Falo alto quando discuto política ou religião e tenho posições bastante pessoais sobre estes assuntos. Detesto mediocridade e grosseria.
Tenho uma cicatriz entre os olhos, presente de meu eu criança que jogava futebol com lata de refrigerante.
Gosto de queijo forte, carne vermelha, vinho denso, tabaco de cachimbo e martini seco feito com wodka Absolut. Não fumo cigarros e detesto o cheiro. Bebo socialmente e a idade tem me tornado muito social. Nunca bebo até cair, sei quando parar e não sou inconveniente. Odeio ressaca e ela me odeia.
Sou amante de muitos vícios, mas o único que cultivo é a vida. Tenho pouco respeito por gente que depende de química. Não tenho qualquer respeito por quem é incapaz de controlar suas vontades. Não suporto gente fútil e rebeldes sem causa.
Já rodei um pouco pelo mundo, não tanto quanto gostaria. Estive em todos os estados do Brasil exceto quatro na região norte. Conheci meia Europa, o que deixa ainda metade para visitar.Sou louco pela França e espero voltar lá muitas vezes. Não faço a menor questão de voltar à América, a não ser que seja para Nova Iorque e com a companhia certa. Acho o americano uma besta quadrada, mas já me provaram que podem ser boa gente. Talvez um dia vá a São Francisco. Adoro Santiago de Compostela. Detesto Salt Lake City.
Tenho tendinite no braço direito, presente de meu eu adolescente e de horas de jogo no computador. Fiz um acordo com ela: trato-a com respeito e ela finge que não está lá.
Gosto de frio e de neve, coisas complicadas em um país tropical. Gosto de mergulho, esgrima e tiro. Sou péssimo em esportes coletivos. Já soube dançar um dia. Adoro Victor Hugo, Júlio Verne e Alexandre Dumas. Desprezo Paulo Coelho e Lair Ribeiro. Gosto de Astor Piazzola, Mozart, Ella Fitzgerald, Tom Jobim e U2. Meu musical favorito é Les Miserábles e sei que, agora, só poderei assistir de novo em Londres. Acho que música techno é a maior perda de tempo e que o funk não vai conseguir piorar mais. Sei que estou errado quanto ao funk.
Gosto de chegar em casa. Adoro estar solto no mundo e não ter que voltar para casa. Um dia ainda vou construir uma ecologicamente correta, com cachorros, uma torre e um jardim grande com plátanos.
Acho que dinheiro é para gastar, mas economizo como um esquilo que recolhe nozes para o inverno. Acho que o poder deve ser usado em favor das pessoas. Detesto futrica, intriga e fofoca. Adoro entrevistar gente para emprego e sou feliz porque nunca tive que demitir ninguém. Meus olhos brilham quando vejo gente corajosa.
Me realizo falando em público. Detesto quando acho que estou fazendo as pessoas perderem tempo ou não estou dizendo algo que faça diferença. Preparo minhas aulas, mas sempre acabo improvisando alguma coisa.
Sei que não devo durar muito além dos 65, mas gostaria de viver para sempre. Corro contra o tempo para fazer desta a melhor vida que terei. Não acredito em aposentadoria, a não ser que seja a partir dos 40.
Acho que, apesar de tudo, o mundo tem jeito e quero dar meu pitaco.
The Lurker says: "Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses" dizeres do pórtico do templo de Apolo em Delfos.
Sou um otimista por natureza. Acho que tudo vai dar certo e acredito, erradamente, que coisas ruins não acontecem às boas pessoas. Creio no trabalho e na dedicação como forma de ascensão social. Fujo de gente preguiçosa, mas reconheço a necessidade do ócio (criativo ou não). Acredito que o caminho mais interessante normalmente é o mais difícil. Sou áries com ascendente em capricórnio, o que dá os dois cabeçudos do zodíaco num cara só. Nem sempre sou fácil de lidar e reconheço isso. Peco mais pelo excesso do que pela falta. Às vezes me arrependo. Outras não.
Morro de medo de dar com a cara na parede. Não deixo de correr riscos o tempo todo. Já caí do cavalo, mas monto de volta tantas quantas for necessário. Já fiz escolhas profissionais erradas. Costumo morder mais do que posso mastigar, mas não aprendo apesar de tudo.
Sou amigo de meus amigos. Eles sabem quem são e o que isso significa. Sou verdadeiro, leal, franco e sincero. Digo na cara se achar que é necessário, mesmo que doa. Me mordo se não falar e descobrir que fazia diferença. Vou direto ao ponto, detesto filigranas e rodeios sociais.
Já fui guia turístico, gerente de restaurante e professor de informática (em domicílio). Hoje tenho uma equipe de avaliação para coordenar e nunca me diverti tanto no trabalho. Estudei música, economia, e psicologia. Fiz graduação, mestrado e espero concluir o doutorado. Tenho grande facilidade para falar outras línguas e isso já me abriu várias portas.
Dizem que tenho um senso de humor mordaz e ácido. Gosto quando consigo ser engraçado ou divertido. Perco a piada para manter o amigo. Falo alto quando discuto política ou religião e tenho posições bastante pessoais sobre estes assuntos. Detesto mediocridade e grosseria.
Tenho uma cicatriz entre os olhos, presente de meu eu criança que jogava futebol com lata de refrigerante.
Gosto de queijo forte, carne vermelha, vinho denso, tabaco de cachimbo e martini seco feito com wodka Absolut. Não fumo cigarros e detesto o cheiro. Bebo socialmente e a idade tem me tornado muito social. Nunca bebo até cair, sei quando parar e não sou inconveniente. Odeio ressaca e ela me odeia.
Sou amante de muitos vícios, mas o único que cultivo é a vida. Tenho pouco respeito por gente que depende de química. Não tenho qualquer respeito por quem é incapaz de controlar suas vontades. Não suporto gente fútil e rebeldes sem causa.
Já rodei um pouco pelo mundo, não tanto quanto gostaria. Estive em todos os estados do Brasil exceto quatro na região norte. Conheci meia Europa, o que deixa ainda metade para visitar.Sou louco pela França e espero voltar lá muitas vezes. Não faço a menor questão de voltar à América, a não ser que seja para Nova Iorque e com a companhia certa. Acho o americano uma besta quadrada, mas já me provaram que podem ser boa gente. Talvez um dia vá a São Francisco. Adoro Santiago de Compostela. Detesto Salt Lake City.
Tenho tendinite no braço direito, presente de meu eu adolescente e de horas de jogo no computador. Fiz um acordo com ela: trato-a com respeito e ela finge que não está lá.
Gosto de frio e de neve, coisas complicadas em um país tropical. Gosto de mergulho, esgrima e tiro. Sou péssimo em esportes coletivos. Já soube dançar um dia. Adoro Victor Hugo, Júlio Verne e Alexandre Dumas. Desprezo Paulo Coelho e Lair Ribeiro. Gosto de Astor Piazzola, Mozart, Ella Fitzgerald, Tom Jobim e U2. Meu musical favorito é Les Miserábles e sei que, agora, só poderei assistir de novo em Londres. Acho que música techno é a maior perda de tempo e que o funk não vai conseguir piorar mais. Sei que estou errado quanto ao funk.
Gosto de chegar em casa. Adoro estar solto no mundo e não ter que voltar para casa. Um dia ainda vou construir uma ecologicamente correta, com cachorros, uma torre e um jardim grande com plátanos.
Acho que dinheiro é para gastar, mas economizo como um esquilo que recolhe nozes para o inverno. Acho que o poder deve ser usado em favor das pessoas. Detesto futrica, intriga e fofoca. Adoro entrevistar gente para emprego e sou feliz porque nunca tive que demitir ninguém. Meus olhos brilham quando vejo gente corajosa.
Me realizo falando em público. Detesto quando acho que estou fazendo as pessoas perderem tempo ou não estou dizendo algo que faça diferença. Preparo minhas aulas, mas sempre acabo improvisando alguma coisa.
Sei que não devo durar muito além dos 65, mas gostaria de viver para sempre. Corro contra o tempo para fazer desta a melhor vida que terei. Não acredito em aposentadoria, a não ser que seja a partir dos 40.
Acho que, apesar de tudo, o mundo tem jeito e quero dar meu pitaco.
The Lurker says: "Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses" dizeres do pórtico do templo de Apolo em Delfos.
maio 24, 2003
The Lurker Update (ou 15 segundos de fama)
Um rápido update do caso da reportagem na Esplanada dos Ministérios: a tal filmagem passou, efetivamente, no jornal local. Descobri isso no outro dia, quando vieram me perguntar se eu havia me cansado e se a perna doía...
- Ué? Por que?
- Ora, andando sob o Sol até o congresso...
E, segundo me disseram, agora somos "funcionários do Congresso Nacional que tiveram que estacionar longe por causa da confusão". Eu disse que repórter não acerta uma... formadores de opinião... Era preciso que eles tivessem uma primeiro...
The Lurker says: "The things most people want to know about are usually none of their business" George Bernard Shaw
Um rápido update do caso da reportagem na Esplanada dos Ministérios: a tal filmagem passou, efetivamente, no jornal local. Descobri isso no outro dia, quando vieram me perguntar se eu havia me cansado e se a perna doía...
- Ué? Por que?
- Ora, andando sob o Sol até o congresso...
E, segundo me disseram, agora somos "funcionários do Congresso Nacional que tiveram que estacionar longe por causa da confusão". Eu disse que repórter não acerta uma... formadores de opinião... Era preciso que eles tivessem uma primeiro...
The Lurker says: "The things most people want to know about are usually none of their business" George Bernard Shaw
maio 20, 2003
The Lurker vai ao Congresso Nacional (ou plus ça change, plus c´est la memme chose)
Hoje foi o dia do lançamento, pela UNESCO no Brasil, da Década para a Alfabetização: um acontecimento cheio de pompa, circunstância e cabeças coroadas da educação nacional, que se realizou no Salão Negro do Congresso Nacional. Lá estavam desde figuras “mitológicas” como a “policrômica” Esther Gross, passando por Martha Suplicy (escoltada por seu antigo consorte), até Viviane Senna e Cristóvam Buarque.
O interessante dessas coisas, para nós reles mortais, sempre é o que acontece enquanto as autoridades estão entretidas em seus pronunciamentos. Senão vejamos:
No caminho para o Congresso, na Esplanada dos Ministérios havia uma manifestação de perueiros de Goiânia, que protestavam contra a ameaça de que o serviço prestado por eles fosse desativado, parando o trânsito e bloquando o acesso de qualquer coisa maior que uma motoneta. Resultado: gente desviando pelo gramado, pela calçada, pela contramão (cadê a polícia?), gente saindo dos carros para brigar com os perueiros (CADÊ a polícia?), enfim, uma brafunda geral.
Depois de dez minutos no táxi imobilizado (sim, porque a muito tempo não se encontra estacionamento na Esplanada) decidimos desembarcar e andar o kilômetro que nos separava do Congresso. E vamos nós, os três patetas, andando e observando o caos urbano instalado no “centro das decisões nacionais” quando, no sentido oposto, observamos um cavalheiro armado de filmadora, com o símbolo inconfundível da vênus platinada. Epa... lá vem coisa... Junto ao sujeito, uma sujeita armada com um microfone... Opa... opa... eu não gosto disso... nunca disse nada a um repórter que fosse repetido direito...
- Vocês vem andando desde onde? – Pergunta com aquele jeito meio sádico de repórter que vê o circo pegar fogo.
- Desde o Ministério do Trabalho, tem uns 10 minutos – Respondemos, sorrindo como se nada estivesse acontecendo.
A pobre não pareceu muito interessada em nos entrevistar depois disso.
Passamos a seguir por um acampamento dos tais perueiros goianos, mas o motivo do protesto ainda não era totalmente claro. Afinal, descobrimos onde estava a "mundiça": sob a sombra de duas árvores deveria haver uns dez policiais, enquanto dois pobres coitados apitavam feito loucos à frente de um semáforo, como se suas armas sônicas fossem mover as vans um milímetro que fosse. Mais adiante, um grupo de oficiais da PM observava como se não fosse com eles...
Chegamos finalmente ao Congresso, entramos pela rampa superior, explicando ao Policial Federal que tínhamos o direito de entrar por ali mesmo porque era nossa organização quem bancava a festa. Nada como o bom e velho terno e gravata: ninguém reclama de nada, ninguém pede identificação de nada.
A cerimônia começa com a constituição da mesa, que tem mais gente do que se possa achar razoável (seguramente uns 15 notáveis). Jamais entendi essa mania que temos no Brasil de encher a mesa de autoridades que tem e que não tem a ver com o evento. E todo mundo tem que ter sua vez de discursar o tempo que achar necessário... os discursos se alongam, o público se cansa e a festa se esvazia. Mas para mim tudo bem: estou circulando mesmo, conhecendo quem não conhecia e discutindo projetos interessantes. Que me interessa o que o Governador do Alagoas tem a chorar, sobre sua população de 50% de analfabetos? Não são constatações panfletárias do momento que resolvem o problema. Não é a indignação demagógica que alfabetiza e não é nos salões que as coisas se ajeitam. O que resolverá o problema será a continuidade e apersistência das ações de governo. Então, deixa a verborragia correr e vamos cuidar daquilo que os técnicos fazem (Groo faz o que Groo faz melhor).
O tempo passa e a mente flutua... é interessante observar, contudo, que o nouveau régime parece ter herdado um tanto da hipocrisia do antigo, ao usar um grupo de alunos recém-alfabetizados da Câmara como exemplo de implantação de programas deste tipo e de espírito cívico e empreendedor. Explico: em princípio os programas de alfabetização levam cerca de seis meses. A atual administração ainda não completou 180 dias e, com certeza, não foi no recesso parlamentar que este pessoal estudou.
Entretanto, la nouvelle vague tem outros méritos: atravessando o salão, ao largo da cerimônia, com cara de quem não sabe exatamente o que acontece, mas conhece na pele os problemas que se discutem na mesa de honra, entra um grupo de representantes do MST. E é, para mim, o highlight do evento: passam ao lado dos convidados e em filas, ordeiramente, os mais velhos tiram seus chapéus, os mais jovens olham com curiosidade. Demonstram muito mais respeito a uma cerimônia cujos objetivos ignoram do que muitos dos doutores presentes que conversam no salão apinhado enquanto os diversos discursos se sucedem.
Comento com uma amiga que esta talvez seja a diferença entre aquilo que era e aquilo que é. Desde a Esplanada até o Salão as pessoas mais humildes, que a vinte anos nem pensariam em fazer o que fazem agora estão tomando o espaço que, conquanto não saibam, lhes pertence por direito. Se o grande legado de FHC foi a estabilidade das instituições, a contribuição da nova gestão parece estar sendo permitir que mais alguém, além do seleto grupo de iluminados de sempre, participe destas mesmas instituições.
PS: Lembra quando eu disse que queria mais três semanas iguais às de 05 de maio? Sabe aquele negócio de cuidado com o que deseja porque você pode conseguir? Nada mais verdadeiro...Alguém poderia tirar o pé do acelerador, por gentileza?
The Lurker Says: “I recommend biting off more than you can chew to anyone” (Allanis Morissete – You Learn)
Hoje foi o dia do lançamento, pela UNESCO no Brasil, da Década para a Alfabetização: um acontecimento cheio de pompa, circunstância e cabeças coroadas da educação nacional, que se realizou no Salão Negro do Congresso Nacional. Lá estavam desde figuras “mitológicas” como a “policrômica” Esther Gross, passando por Martha Suplicy (escoltada por seu antigo consorte), até Viviane Senna e Cristóvam Buarque.
O interessante dessas coisas, para nós reles mortais, sempre é o que acontece enquanto as autoridades estão entretidas em seus pronunciamentos. Senão vejamos:
No caminho para o Congresso, na Esplanada dos Ministérios havia uma manifestação de perueiros de Goiânia, que protestavam contra a ameaça de que o serviço prestado por eles fosse desativado, parando o trânsito e bloquando o acesso de qualquer coisa maior que uma motoneta. Resultado: gente desviando pelo gramado, pela calçada, pela contramão (cadê a polícia?), gente saindo dos carros para brigar com os perueiros (CADÊ a polícia?), enfim, uma brafunda geral.
Depois de dez minutos no táxi imobilizado (sim, porque a muito tempo não se encontra estacionamento na Esplanada) decidimos desembarcar e andar o kilômetro que nos separava do Congresso. E vamos nós, os três patetas, andando e observando o caos urbano instalado no “centro das decisões nacionais” quando, no sentido oposto, observamos um cavalheiro armado de filmadora, com o símbolo inconfundível da vênus platinada. Epa... lá vem coisa... Junto ao sujeito, uma sujeita armada com um microfone... Opa... opa... eu não gosto disso... nunca disse nada a um repórter que fosse repetido direito...
- Vocês vem andando desde onde? – Pergunta com aquele jeito meio sádico de repórter que vê o circo pegar fogo.
- Desde o Ministério do Trabalho, tem uns 10 minutos – Respondemos, sorrindo como se nada estivesse acontecendo.
A pobre não pareceu muito interessada em nos entrevistar depois disso.
Passamos a seguir por um acampamento dos tais perueiros goianos, mas o motivo do protesto ainda não era totalmente claro. Afinal, descobrimos onde estava a "mundiça": sob a sombra de duas árvores deveria haver uns dez policiais, enquanto dois pobres coitados apitavam feito loucos à frente de um semáforo, como se suas armas sônicas fossem mover as vans um milímetro que fosse. Mais adiante, um grupo de oficiais da PM observava como se não fosse com eles...
Chegamos finalmente ao Congresso, entramos pela rampa superior, explicando ao Policial Federal que tínhamos o direito de entrar por ali mesmo porque era nossa organização quem bancava a festa. Nada como o bom e velho terno e gravata: ninguém reclama de nada, ninguém pede identificação de nada.
A cerimônia começa com a constituição da mesa, que tem mais gente do que se possa achar razoável (seguramente uns 15 notáveis). Jamais entendi essa mania que temos no Brasil de encher a mesa de autoridades que tem e que não tem a ver com o evento. E todo mundo tem que ter sua vez de discursar o tempo que achar necessário... os discursos se alongam, o público se cansa e a festa se esvazia. Mas para mim tudo bem: estou circulando mesmo, conhecendo quem não conhecia e discutindo projetos interessantes. Que me interessa o que o Governador do Alagoas tem a chorar, sobre sua população de 50% de analfabetos? Não são constatações panfletárias do momento que resolvem o problema. Não é a indignação demagógica que alfabetiza e não é nos salões que as coisas se ajeitam. O que resolverá o problema será a continuidade e apersistência das ações de governo. Então, deixa a verborragia correr e vamos cuidar daquilo que os técnicos fazem (Groo faz o que Groo faz melhor).
O tempo passa e a mente flutua... é interessante observar, contudo, que o nouveau régime parece ter herdado um tanto da hipocrisia do antigo, ao usar um grupo de alunos recém-alfabetizados da Câmara como exemplo de implantação de programas deste tipo e de espírito cívico e empreendedor. Explico: em princípio os programas de alfabetização levam cerca de seis meses. A atual administração ainda não completou 180 dias e, com certeza, não foi no recesso parlamentar que este pessoal estudou.
Entretanto, la nouvelle vague tem outros méritos: atravessando o salão, ao largo da cerimônia, com cara de quem não sabe exatamente o que acontece, mas conhece na pele os problemas que se discutem na mesa de honra, entra um grupo de representantes do MST. E é, para mim, o highlight do evento: passam ao lado dos convidados e em filas, ordeiramente, os mais velhos tiram seus chapéus, os mais jovens olham com curiosidade. Demonstram muito mais respeito a uma cerimônia cujos objetivos ignoram do que muitos dos doutores presentes que conversam no salão apinhado enquanto os diversos discursos se sucedem.
Comento com uma amiga que esta talvez seja a diferença entre aquilo que era e aquilo que é. Desde a Esplanada até o Salão as pessoas mais humildes, que a vinte anos nem pensariam em fazer o que fazem agora estão tomando o espaço que, conquanto não saibam, lhes pertence por direito. Se o grande legado de FHC foi a estabilidade das instituições, a contribuição da nova gestão parece estar sendo permitir que mais alguém, além do seleto grupo de iluminados de sempre, participe destas mesmas instituições.
PS: Lembra quando eu disse que queria mais três semanas iguais às de 05 de maio? Sabe aquele negócio de cuidado com o que deseja porque você pode conseguir? Nada mais verdadeiro...Alguém poderia tirar o pé do acelerador, por gentileza?
The Lurker Says: “I recommend biting off more than you can chew to anyone” (Allanis Morissete – You Learn)
maio 15, 2003
The Lurker Radio (ou o retorno à vida de "solteiro")
Heartbreak Hotel
Words and music by Mae B. Axton, Tommy Durden, and Elvis Presley
Well, since my baby left me,
I found a new place to dwell.
It's down at the end of lonely street
at Heartbreak Hotel.
You make me so lonely baby,
I get so lonely,
I get so lonely I could die.
And although it's always crowded,
you still can find some room.
Where broken hearted lovers
do cry away their gloom.
You make me so lonely baby,
I get so lonely,
I get so lonely I could die.
Well, the Bell hop's tears keep flowin',
and the desk clerk's dressed in black.
Well they been so long on lonely street
They ain't ever gonna look back.
You make me so lonely baby,
I get so lonely,
I get so lonely I could die.
Hey now, if your baby leaves you,
and you got a tale to tell.
Just take a walk down lonely street
to Heartbreak Hotel.
The Lurker Says: "These days people seek knowledge, not wisdom. Knowledge is of the past, wisdom is of the future." (Vernon Cooper)
Heartbreak Hotel
Words and music by Mae B. Axton, Tommy Durden, and Elvis Presley
Well, since my baby left me,
I found a new place to dwell.
It's down at the end of lonely street
at Heartbreak Hotel.
You make me so lonely baby,
I get so lonely,
I get so lonely I could die.
And although it's always crowded,
you still can find some room.
Where broken hearted lovers
do cry away their gloom.
You make me so lonely baby,
I get so lonely,
I get so lonely I could die.
Well, the Bell hop's tears keep flowin',
and the desk clerk's dressed in black.
Well they been so long on lonely street
They ain't ever gonna look back.
You make me so lonely baby,
I get so lonely,
I get so lonely I could die.
Hey now, if your baby leaves you,
and you got a tale to tell.
Just take a walk down lonely street
to Heartbreak Hotel.
The Lurker Says: "These days people seek knowledge, not wisdom. Knowledge is of the past, wisdom is of the future." (Vernon Cooper)
maio 13, 2003
The Lurker Radio (ou "There are two tragedies in life: one is not to get your heart's desire. The other is to get it.")
Circle of Life
Music by Elton John, lyrics by Tim Rice
Performed by Elton John
From the day we arrive on the planet
And blinking, step into the sun
There's more to be seen than can ever be seen
More to do than can ever be done
Some say eat or be eaten
Some say live and let live
But all are agreed as they join the stampede
You should never take more than you give
(Chorus)
In the Circle of Life
It's the wheel of fortune
It's the leap of faith
It's the band of hope
Till we find our place
On the path unwinding
In the Circle, the Circle of Life
Some of us fall by the wayside
And some of us soar to the stars
And some of us sail through our troubles
And some have to live with the scars
There's far too much to take in here
More to find than can ever be found
But the sun rolling high
Through the sapphire sky
Keeps the great and small on the endless round
(Chorus repeats)
On the path unwinding
In the Circle, the Circle of Life.
The Lurker Says: "The reasonable man adapts himself to the conditions that surround him... The unreasonable man adapts surrounding conditions to himself... All progress depends on the unreasonable man." (George Bernard Shaw)
Circle of Life
Music by Elton John, lyrics by Tim Rice
Performed by Elton John
From the day we arrive on the planet
And blinking, step into the sun
There's more to be seen than can ever be seen
More to do than can ever be done
Some say eat or be eaten
Some say live and let live
But all are agreed as they join the stampede
You should never take more than you give
(Chorus)
In the Circle of Life
It's the wheel of fortune
It's the leap of faith
It's the band of hope
Till we find our place
On the path unwinding
In the Circle, the Circle of Life
Some of us fall by the wayside
And some of us soar to the stars
And some of us sail through our troubles
And some have to live with the scars
There's far too much to take in here
More to find than can ever be found
But the sun rolling high
Through the sapphire sky
Keeps the great and small on the endless round
(Chorus repeats)
On the path unwinding
In the Circle, the Circle of Life.
The Lurker Says: "The reasonable man adapts himself to the conditions that surround him... The unreasonable man adapts surrounding conditions to himself... All progress depends on the unreasonable man." (George Bernard Shaw)
maio 12, 2003
The Lurker swimming among the sharks (ou where my heart took me last week)
Last week's extra mile foi mais longa do que imaginei originalmente. E foi das melhores, senão a melhor até hoje! Mais umas três dessas e, havendo sobrevida, será fabuloso! :-)
Foram quatro apresentações diferentes (no Ministério dos Esportes, CNI/SESI e duas na UnB, sendo uma no doutorado) em quatro dias seguidos. Dois dias de seminário montado por minha equipe em uma reunião que acabou sendo absorvida por outra maior, com gente "grande" em uma organização maior ainda, falando de números de pessoas e valores financeiros cheios de zeros. A responsabilidade de interferir nestes processos dá frio no estômago, principalmente em projetos com quatro anos de duração (as decisões de hoje farão diferença em dois anos... para o bem e para o mal).
Dias de pouco sono, muita ansiedade, alguma angústia e pouca comida. Gente competente do seu lado, gente esforçada na interlocução do outro lado. Vontade de avançar, iniciativa, garra e coragem. Cinco dias de dor de cabeça, preocupação, gratificação de meses de ralação e anos enfiado nos livros. Estratégia, responsabilidade, confiança, técnica e jogo de cintura.
Rigorosamente todos os objetivos foram atingidos nas três esferas de trabalho. E com direito a benefícios colaterais, colocando pilha em um amigo que precisa de mais reconhecimento de seus chefes e ainda arranjando emprego para um outro que teve que abandonar o doutorado no exterior por motivos familiares. Boas notícias vieram também de outros estados, onde uma pessoa que tem batalhado e merece reconhecimento está também recebendo seu quinhão.
Em resumo: A semana no inferno concluiu-se com um mergulho no paraíso e na agradável sensação de dever cumprido, apesar da impressão que um trator me passou por cima do occiptal. As próximas duas semanas ainda beberão muito desta fonte.
Hmm.... o que será que vem depois dessa colina?
Detalhes peculiares:
Na reunião com o Secretário Nacional de Esporte Educacional descobri que os líderes estudantis de 10 ou 15 anos atrás estão chegando ao poder... e que ainda citam Max Weber ao se rebelarem contra a burocracia do estado. Veremos o que fazem agora que estão com as ferramentas do próprio Estado na mão.
Na reunião com o Diretor de Avaliação da Educação Básica descobri que os novos tecnocratas têm sede de mudanças, querem que elas aconteçam rápido e que querem rever ao microscópio o que foi feito na gestão anterior.
Com o Secretário Nacional de Educação Infantil descobri que existe uma visão de integração no governo, buscado evitar duplicidade de esforços e melhor aprovietamento de recursos.
Andando com meu diretor aprendi mais um pouco de como se jogam as peças do tabuleiro da negociação com o executivo e seus assemelhados. E que a maioria das pessoas envolvidas é honesta e possui interesse público (e não no público...).
The Lurker Says: "He Inoa No Kalani Kalakaua — kulele!"
Last week's extra mile foi mais longa do que imaginei originalmente. E foi das melhores, senão a melhor até hoje! Mais umas três dessas e, havendo sobrevida, será fabuloso! :-)
Foram quatro apresentações diferentes (no Ministério dos Esportes, CNI/SESI e duas na UnB, sendo uma no doutorado) em quatro dias seguidos. Dois dias de seminário montado por minha equipe em uma reunião que acabou sendo absorvida por outra maior, com gente "grande" em uma organização maior ainda, falando de números de pessoas e valores financeiros cheios de zeros. A responsabilidade de interferir nestes processos dá frio no estômago, principalmente em projetos com quatro anos de duração (as decisões de hoje farão diferença em dois anos... para o bem e para o mal).
Dias de pouco sono, muita ansiedade, alguma angústia e pouca comida. Gente competente do seu lado, gente esforçada na interlocução do outro lado. Vontade de avançar, iniciativa, garra e coragem. Cinco dias de dor de cabeça, preocupação, gratificação de meses de ralação e anos enfiado nos livros. Estratégia, responsabilidade, confiança, técnica e jogo de cintura.
Rigorosamente todos os objetivos foram atingidos nas três esferas de trabalho. E com direito a benefícios colaterais, colocando pilha em um amigo que precisa de mais reconhecimento de seus chefes e ainda arranjando emprego para um outro que teve que abandonar o doutorado no exterior por motivos familiares. Boas notícias vieram também de outros estados, onde uma pessoa que tem batalhado e merece reconhecimento está também recebendo seu quinhão.
Em resumo: A semana no inferno concluiu-se com um mergulho no paraíso e na agradável sensação de dever cumprido, apesar da impressão que um trator me passou por cima do occiptal. As próximas duas semanas ainda beberão muito desta fonte.
Hmm.... o que será que vem depois dessa colina?
Detalhes peculiares:
Na reunião com o Secretário Nacional de Esporte Educacional descobri que os líderes estudantis de 10 ou 15 anos atrás estão chegando ao poder... e que ainda citam Max Weber ao se rebelarem contra a burocracia do estado. Veremos o que fazem agora que estão com as ferramentas do próprio Estado na mão.
Na reunião com o Diretor de Avaliação da Educação Básica descobri que os novos tecnocratas têm sede de mudanças, querem que elas aconteçam rápido e que querem rever ao microscópio o que foi feito na gestão anterior.
Com o Secretário Nacional de Educação Infantil descobri que existe uma visão de integração no governo, buscado evitar duplicidade de esforços e melhor aprovietamento de recursos.
Andando com meu diretor aprendi mais um pouco de como se jogam as peças do tabuleiro da negociação com o executivo e seus assemelhados. E que a maioria das pessoas envolvidas é honesta e possui interesse público (e não no público...).
The Lurker Says: "He Inoa No Kalani Kalakaua — kulele!"
maio 05, 2003
The Lurker and the leap forward (ou Here we go again... and it was about time!)
Existem momentos na vida em que se percebe que alguma coisa importante está para acontecer... normalmente esta sensação surge como consequência de um forte investimento pessoal que foi realizado em alguma coisa. Nada mais natural que tais "momentos de salto" nos peguem na contramão das energias, depois de um longo período de esforço. Pense no maratonista que precisa dar seu último "sprint" para cruzar a linha de chegada... Somos apresentados ao dilema de correr "the extra mile", e fazer ainda mais do que necessário...
Poucas pessoas sabem o que o ano que passou foi para mim. E das consequências e marcas que ainda pesam e que vão pesar por outros anos ainda - certos laços não se desfazem facilmente e certas coisas não são ouvidas levianamente.
Esta semana volto a correr mais uma "extra mile". E gostaria de oferecer a vocês a música que vai me acompanhar...
Where My Heart Will Take Me
Enterprise Main Title
Lyrics by Diane Warren
Vocal by Russell Watson
It´s been a long road, getting from there to here.
It´s been a long time, but my time is finally near.
And I can feel the change in the wind right now. Nothing´s in my way.
And they´re not gonna hold me down no more, no they´re not gonna hold me down.
Cause I´ve got faith of the heart.
I´m going where my heart will take me.
I´ve got faith to believe. I can do anything.
I´ve got strength of the soul. And no one´s gonna bend or break me.
I can reach any star. I´ve got faith, I´ve got faith, faith of the heart.
It´s been a long night. Trying to find my way.
Been through the darkness. Now I finally have my day.
And I will see my dream come alive at last. I will touch the sky.
And they´re not gonna hold me down no more, no they´re not gonna change my mind.
Cause I´ve got faith of the heart.
I´m going where my heart will take me.
I´ve got faith to believe. I can do anything.
I´ve got strength of the soul. And no one´s gonna bend or break me.
I can reach any star. I´ve got faith, faith of the heart.
I´ve known the wind so cold, and seen the darkest days.
But now the winds I feel, are only winds of change.
I´ve been through the fire and I´ve been through the rain.
But I´ll be fine.
Cause I´ve got faith of the heart.
I´m going where my heart will take me.
I´ve got faith to believe. I can do anything.
I´ve got strength of the soul. And no one´s gonna bend or break me.
I can reach any star. I´ve got faith.
I´ve got faith of the heart.
I´m going where my heart will take me.
I´ve got strength of the soul. And no one´s gonna bend or break me.
I can reach any star. I´ve got faith, I´ve got faith, faith of the heart.
It´s been a long road.
The Lurker says: "The significant problems we face cannot be solved by the same level of thinking that created them." -- Albert Einstein
Existem momentos na vida em que se percebe que alguma coisa importante está para acontecer... normalmente esta sensação surge como consequência de um forte investimento pessoal que foi realizado em alguma coisa. Nada mais natural que tais "momentos de salto" nos peguem na contramão das energias, depois de um longo período de esforço. Pense no maratonista que precisa dar seu último "sprint" para cruzar a linha de chegada... Somos apresentados ao dilema de correr "the extra mile", e fazer ainda mais do que necessário...
Poucas pessoas sabem o que o ano que passou foi para mim. E das consequências e marcas que ainda pesam e que vão pesar por outros anos ainda - certos laços não se desfazem facilmente e certas coisas não são ouvidas levianamente.
Esta semana volto a correr mais uma "extra mile". E gostaria de oferecer a vocês a música que vai me acompanhar...
Where My Heart Will Take Me
Enterprise Main Title
Lyrics by Diane Warren
Vocal by Russell Watson
It´s been a long road, getting from there to here.
It´s been a long time, but my time is finally near.
And I can feel the change in the wind right now. Nothing´s in my way.
And they´re not gonna hold me down no more, no they´re not gonna hold me down.
Cause I´ve got faith of the heart.
I´m going where my heart will take me.
I´ve got faith to believe. I can do anything.
I´ve got strength of the soul. And no one´s gonna bend or break me.
I can reach any star. I´ve got faith, I´ve got faith, faith of the heart.
It´s been a long night. Trying to find my way.
Been through the darkness. Now I finally have my day.
And I will see my dream come alive at last. I will touch the sky.
And they´re not gonna hold me down no more, no they´re not gonna change my mind.
Cause I´ve got faith of the heart.
I´m going where my heart will take me.
I´ve got faith to believe. I can do anything.
I´ve got strength of the soul. And no one´s gonna bend or break me.
I can reach any star. I´ve got faith, faith of the heart.
I´ve known the wind so cold, and seen the darkest days.
But now the winds I feel, are only winds of change.
I´ve been through the fire and I´ve been through the rain.
But I´ll be fine.
Cause I´ve got faith of the heart.
I´m going where my heart will take me.
I´ve got faith to believe. I can do anything.
I´ve got strength of the soul. And no one´s gonna bend or break me.
I can reach any star. I´ve got faith.
I´ve got faith of the heart.
I´m going where my heart will take me.
I´ve got strength of the soul. And no one´s gonna bend or break me.
I can reach any star. I´ve got faith, I´ve got faith, faith of the heart.
It´s been a long road.
The Lurker says: "The significant problems we face cannot be solved by the same level of thinking that created them." -- Albert Einstein
abril 19, 2003
The Lurker Radio (o que se ouve p´ra lá de Bagdá)
Big Yellow Taxi
Joni Mitchell
Disco: Ladies of the Canyon (04/1970)
They paved paradise
And put up a parking lot
With a pink hotel, a boutique
And a swinging hot spot
Don't it always seem to go
That you don't know what you've got
Till it's gone
They paved paradise
And put up a parking lot
They took all the trees
Put 'em in a tree museum
And they charged the people
A dollar and a half just to see 'em
Don't it always seem to go
That you don't know what you've got
Till it's gone
They paved paradise
And put up a parking lot
Hey farmer farmer
Put away that DDT now
Give me spots on my apples
But leave me the birds and the bees
Please!
Don't it always seem to go
That you don't know what you've got
Till it's gone
They paved paradise
And put up a parking lot
Late last night
I heard the screen door slam
And a big yellow taxi
Took away my old man
Don't it always seem to go
That you don't know what you've got
Till it's gone
They paved paradise
And put up a parking lot
They paved paradise
And put up a parking lot
The Lurker Says: "You don't know what you've got till it's gone"
Big Yellow Taxi
Joni Mitchell
Disco: Ladies of the Canyon (04/1970)
They paved paradise
And put up a parking lot
With a pink hotel, a boutique
And a swinging hot spot
Don't it always seem to go
That you don't know what you've got
Till it's gone
They paved paradise
And put up a parking lot
They took all the trees
Put 'em in a tree museum
And they charged the people
A dollar and a half just to see 'em
Don't it always seem to go
That you don't know what you've got
Till it's gone
They paved paradise
And put up a parking lot
Hey farmer farmer
Put away that DDT now
Give me spots on my apples
But leave me the birds and the bees
Please!
Don't it always seem to go
That you don't know what you've got
Till it's gone
They paved paradise
And put up a parking lot
Late last night
I heard the screen door slam
And a big yellow taxi
Took away my old man
Don't it always seem to go
That you don't know what you've got
Till it's gone
They paved paradise
And put up a parking lot
They paved paradise
And put up a parking lot
The Lurker Says: "You don't know what you've got till it's gone"
abril 17, 2003
The Lurker and the happy life of middle management (ou vida de pedreiro)
Um velho pedreiro que construía casas estava pronto para se aposentar.
Ele informou o chefe do seu desejo de se aposentar e passar mais tempo com a sua família. Ele ainda disse que sentiria falta do salário, mas realmente queria se aposentar.
A empresa não seria muito afetada pela saída do pedreiro mas o chefe estava triste em ver um bom funcionário partindo e ele pediu ao pedreiro para trabalhar em mais um projeto como um favor. O pedreiro não gostou mas acabou concordando. Foi fácil ver que ele não estava entusiasmado com a idéia.
Assim ele prosseguiu fazendo um trabalho de segunda qualidade e usando materiais inadequados. Foi uma maneira negativa dele terminar a carreira.
Quando o pedreiro acabou, o chefe veio fazer a inspeção da casa construída. Depois deu a chave da casa ao pedreiro e disse:
"Esta é a sua casa. Ela é o meu presente para você".
O pedreiro ficou muito surpreso. Se ele soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito tudo diferente....
Construímos nossa vida um dia de cada vez e muitas vezes fazendo menos que o melhor possível na sua construção. Depois, com surpresa, nós descobrimos que precisamos viver na casa que construímos. Se pudéssemos fazer de novo, faríamos diferente.
The lurker says: Vanitas, vanitatum et omnia vanitas.
Um velho pedreiro que construía casas estava pronto para se aposentar.
Ele informou o chefe do seu desejo de se aposentar e passar mais tempo com a sua família. Ele ainda disse que sentiria falta do salário, mas realmente queria se aposentar.
A empresa não seria muito afetada pela saída do pedreiro mas o chefe estava triste em ver um bom funcionário partindo e ele pediu ao pedreiro para trabalhar em mais um projeto como um favor. O pedreiro não gostou mas acabou concordando. Foi fácil ver que ele não estava entusiasmado com a idéia.
Assim ele prosseguiu fazendo um trabalho de segunda qualidade e usando materiais inadequados. Foi uma maneira negativa dele terminar a carreira.
Quando o pedreiro acabou, o chefe veio fazer a inspeção da casa construída. Depois deu a chave da casa ao pedreiro e disse:
"Esta é a sua casa. Ela é o meu presente para você".
O pedreiro ficou muito surpreso. Se ele soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito tudo diferente....
Construímos nossa vida um dia de cada vez e muitas vezes fazendo menos que o melhor possível na sua construção. Depois, com surpresa, nós descobrimos que precisamos viver na casa que construímos. Se pudéssemos fazer de novo, faríamos diferente.
The lurker says: Vanitas, vanitatum et omnia vanitas.
abril 15, 2003
The Lurker Radio
Simple Minds - Don't You (Forget About Me)
Hey, hey, hey ,hey
Ohhh...
Won't you come see about me?
I'll be alone, dancing you know it baby
Tell me your troubles and doubts
Giving me everything inside and out and
Love's strange so real in the dark
Think of the tender things that we were working on
Slow change may pull us apart
When the light gets into your heart, baby
Don't You Forget About Me
Don't Don't Don't Don't
Don't You Forget About Me
Will you stand above me?
Look my way, never love me
Rain keeps falling, rain keeps falling
Down, down, down
Will you recognise me?
Call my name or walk on by
Rain keeps falling, rain keeps falling
Down, down, down, down
Hey, hey, hey, hey
Ohhhh.....
Don't you try to pretend
It's my feeling we'll win in the end
I won't harm you or touch your defenses
Vanity and security
Don't you forget about me
I'll be alone, dancing you know it baby
Going to take you apart
I'll put us back together at heart, baby
Don't You Forget About Me
Don't Don't Don't Don't
Don't You Forget About Me
As you walk on by
Will you call my name?
As you walk on by
Will you call my name?
When you walk away
Or will you walk away?
Will you walk on by?
Come on - call my name
Will you call my name?
I say : La la la...
The Lurker says: will you walk away?
Simple Minds - Don't You (Forget About Me)
Hey, hey, hey ,hey
Ohhh...
Won't you come see about me?
I'll be alone, dancing you know it baby
Tell me your troubles and doubts
Giving me everything inside and out and
Love's strange so real in the dark
Think of the tender things that we were working on
Slow change may pull us apart
When the light gets into your heart, baby
Don't You Forget About Me
Don't Don't Don't Don't
Don't You Forget About Me
Will you stand above me?
Look my way, never love me
Rain keeps falling, rain keeps falling
Down, down, down
Will you recognise me?
Call my name or walk on by
Rain keeps falling, rain keeps falling
Down, down, down, down
Hey, hey, hey, hey
Ohhhh.....
Don't you try to pretend
It's my feeling we'll win in the end
I won't harm you or touch your defenses
Vanity and security
Don't you forget about me
I'll be alone, dancing you know it baby
Going to take you apart
I'll put us back together at heart, baby
Don't You Forget About Me
Don't Don't Don't Don't
Don't You Forget About Me
As you walk on by
Will you call my name?
As you walk on by
Will you call my name?
When you walk away
Or will you walk away?
Will you walk on by?
Come on - call my name
Will you call my name?
I say : La la la...
The Lurker says: will you walk away?
abril 11, 2003
The Lurker e a questão do gênero (ou primum vivere, deinde philosophari)
E eis que ressurge o Adamastor, depois de três semanas desaparecido. Volta à casa e estranha o cheiro - o que terá se hospedado no buraco junto aos alicerces do edifício, enquanto ele estava de férias?
Ocorre que estas andanças parecem ter feito muito bem ao Adamastor: ele está _muito_ gordo. E o acúmulo adiposo nas regiões onde se encontra parece denunciar uma coisa diferente de um relax num SPA cheio de camundongos: ele não é ele... é ELA.
The Lurker says: Natura non facit saltus.
E eis que ressurge o Adamastor, depois de três semanas desaparecido. Volta à casa e estranha o cheiro - o que terá se hospedado no buraco junto aos alicerces do edifício, enquanto ele estava de férias?
Ocorre que estas andanças parecem ter feito muito bem ao Adamastor: ele está _muito_ gordo. E o acúmulo adiposo nas regiões onde se encontra parece denunciar uma coisa diferente de um relax num SPA cheio de camundongos: ele não é ele... é ELA.
The Lurker says: Natura non facit saltus.
abril 10, 2003
The Lurker e a prespectiva econômica(ou Sic transit gloria mundi)
São divertidos certos problemas que os economistas nos apresentam de vez em quando. Freqüentemente seus postulados se iniciam com frases tais como “tomemos por absurdo” ou “em um mundo ideal” ou ainda a famosa máxima latina “coeteris paribus”, que indica que ação deste fenômeno nenhum outro interfere. Premissas e teses que começam assim já não tem lá muita chance de sobreviver em um mundo real, não acadêmico. Entretanto, como início de conversa, servem lá para alguma coisa.
A propósito das discussões acerca da bagunça que o Júnior anda fazendo nas terras da Babilônia, tomemos por absurdo que o mundo tenha realmente se tornado aquilo que os teóricos andaram trombeteando há alguns anos atrás. Esqueçamos que, conceitualmente, a mídia não trata a globalização com a definição e a objetividade necessária, sendo o pobre apresentado pelas suas conseqüências, terminando muitas vezes em sentenças normativas ou em afirmações genéricas do tipo “aldeia global”.
Então, tendo em vista o tratamento dispensado pelos “irmãos do norte” ao “resto da aldeia” você, um(a) pataxó globalizado(a), resolveu aderir à execração pública do Tio Sam. Logo você mudou seu refrigerante, seu sandwich, mandou uma dezena de e-mails desaforados, enfiou o tênis Ni*e no fundo do armário, jogou ovos na estátua em frente ao shopping e, arfando em sua catarse contra o imperialismo, disse, como quem deu sua contribuição à sociedade, que estava fazendo a sua parte como cidadão engajado. Não me entenda mal, não estou defendendo postura nenhuma (ainda), apenas um outro nível de análise: você realmente cortou onde deveria? É suficiente mudar de carro, de tênis, de lanchonete para fazer a diferença? Para que isso impacte a “meca do consumo”?
Em um mundo ideal, talvez sim. Entretanto, na realidade não é só o seu sandwich que importa, nem mesmo quando somado aos de mais duzentas pessoas que você convenceu a fazer o mesmo. Isto não será perene. O que impacta realmente é, e sempre foi, a sua atitude e respeito, sobre a SUA própria cultura. O que faz mais diferença ainda é o quanto (e o que) se absorve do que vem de fora e isso acontece todo dia, nas pequenas coisas. De nada adianta chegar em casa e ligar sua tv a cabo para assistir Friends, minha cara, depois de ter ido a uma passeata pela paz. Pode não ser tão simples de ser percebido, mas o entranhamento dos valores externos aos nossos hábitos e junto aos “formadores de opinião”, incluindo-se aí os seus órgãos de divulgação, é muito grande. A pergunta é, então: o quanto você conhece do problema? E até onde está disposta(o) a ir para combatê-lo?
Se você eventualmente concluir que foi culturalmente absorvido(a) não se sinta de todo mal com isso, pois você está em muito boa companhia. Diversas das grandes sociedades modernas passaram por alguma forma de absorção em alguma fase de sua história: os franceses, anexados pelos romanos; os romanos (do oriente) pelos turcos; espanhóis pelos mouros; manchus pelos japoneses, etc, etc. A principal diferença entre o antes e o agora é a quantidade de informação disponível nestes tempos para que se reaja.
Em resumo, uma mudança de postura deste estilo dará muito mais trabalho do que atacar o consumo e tomará muito mais tempo e cuidados. Implicará resgatar o que foi deixado de lado porque o “do outro” era melhor. Vai demandar concessões que talvez você não queira fazer, e que você atente a coisas realmente importantes que estavam relegadas a segundo plano. Se você pensa que não é por aí, achou tudo isso muito disparatado, afirma que está perfeitamente sintonizado(a) com sua sociedade e seus ícones, vá em frente e faça um teste: cante agora o Hino Nacional inteiro - e não engasgue no “Deitado eternamente em berço explêndido”.
The Lurker says: QED - quod erat demonstrandum
São divertidos certos problemas que os economistas nos apresentam de vez em quando. Freqüentemente seus postulados se iniciam com frases tais como “tomemos por absurdo” ou “em um mundo ideal” ou ainda a famosa máxima latina “coeteris paribus”, que indica que ação deste fenômeno nenhum outro interfere. Premissas e teses que começam assim já não tem lá muita chance de sobreviver em um mundo real, não acadêmico. Entretanto, como início de conversa, servem lá para alguma coisa.
A propósito das discussões acerca da bagunça que o Júnior anda fazendo nas terras da Babilônia, tomemos por absurdo que o mundo tenha realmente se tornado aquilo que os teóricos andaram trombeteando há alguns anos atrás. Esqueçamos que, conceitualmente, a mídia não trata a globalização com a definição e a objetividade necessária, sendo o pobre apresentado pelas suas conseqüências, terminando muitas vezes em sentenças normativas ou em afirmações genéricas do tipo “aldeia global”.
Então, tendo em vista o tratamento dispensado pelos “irmãos do norte” ao “resto da aldeia” você, um(a) pataxó globalizado(a), resolveu aderir à execração pública do Tio Sam. Logo você mudou seu refrigerante, seu sandwich, mandou uma dezena de e-mails desaforados, enfiou o tênis Ni*e no fundo do armário, jogou ovos na estátua em frente ao shopping e, arfando em sua catarse contra o imperialismo, disse, como quem deu sua contribuição à sociedade, que estava fazendo a sua parte como cidadão engajado. Não me entenda mal, não estou defendendo postura nenhuma (ainda), apenas um outro nível de análise: você realmente cortou onde deveria? É suficiente mudar de carro, de tênis, de lanchonete para fazer a diferença? Para que isso impacte a “meca do consumo”?
Em um mundo ideal, talvez sim. Entretanto, na realidade não é só o seu sandwich que importa, nem mesmo quando somado aos de mais duzentas pessoas que você convenceu a fazer o mesmo. Isto não será perene. O que impacta realmente é, e sempre foi, a sua atitude e respeito, sobre a SUA própria cultura. O que faz mais diferença ainda é o quanto (e o que) se absorve do que vem de fora e isso acontece todo dia, nas pequenas coisas. De nada adianta chegar em casa e ligar sua tv a cabo para assistir Friends, minha cara, depois de ter ido a uma passeata pela paz. Pode não ser tão simples de ser percebido, mas o entranhamento dos valores externos aos nossos hábitos e junto aos “formadores de opinião”, incluindo-se aí os seus órgãos de divulgação, é muito grande. A pergunta é, então: o quanto você conhece do problema? E até onde está disposta(o) a ir para combatê-lo?
Se você eventualmente concluir que foi culturalmente absorvido(a) não se sinta de todo mal com isso, pois você está em muito boa companhia. Diversas das grandes sociedades modernas passaram por alguma forma de absorção em alguma fase de sua história: os franceses, anexados pelos romanos; os romanos (do oriente) pelos turcos; espanhóis pelos mouros; manchus pelos japoneses, etc, etc. A principal diferença entre o antes e o agora é a quantidade de informação disponível nestes tempos para que se reaja.
Em resumo, uma mudança de postura deste estilo dará muito mais trabalho do que atacar o consumo e tomará muito mais tempo e cuidados. Implicará resgatar o que foi deixado de lado porque o “do outro” era melhor. Vai demandar concessões que talvez você não queira fazer, e que você atente a coisas realmente importantes que estavam relegadas a segundo plano. Se você pensa que não é por aí, achou tudo isso muito disparatado, afirma que está perfeitamente sintonizado(a) com sua sociedade e seus ícones, vá em frente e faça um teste: cante agora o Hino Nacional inteiro - e não engasgue no “Deitado eternamente em berço explêndido”.
The Lurker says: QED - quod erat demonstrandum
abril 08, 2003
The Lurker and the happy life of middle management (ou... ou nada)
Essa é dedicada a uma pessoa a quem, por dever de ofício e teimosia superior, em breve serei obrigado a magoar dizendo coisas que não gostaria de dizer e fazendo coisas que não desejo.
It's Probably Me
Sting
If the night turned cold and the stars looked down
And you hug yourself on the cold cold ground
You wake the morning in a stranger's coat
No one would you see
You ask yourself, who'd watch for me
My only friend, who could it be
It's hard to say it
I hate to say it, but it's probably me
When your belly's empty and the hunger's so real
And you're too proud to beg and too dumb to steal
You search the city for your only friend
No one would you see
You ask yourself, who could it be
A solitary voice to speak out and set you free
I hate to say it
I hate to say it, but it's probably me
You're not the easiest person I ever got to know
And it's hard for us both to let our feelings show
Some would say I should let you go your way
You'll only make me cry
If there's one guy, just one guy
Who'd lay down his life for you and die
It's hard to say it
It's hard to say it, but it's probably me
When the world's gone crazy and it makes no sense
There's only one voice that comes to your defence
The jury's out and your eyes search the room
And one friendly face is all you need to see
If there's one guy, just one guy
Who'd lay down his life for you and die
It's hard to say it
I hate to say it, but it's probably me
I hate to say it
I hate to say it, but it's probably me
The Lurker says: Damn it.
Essa é dedicada a uma pessoa a quem, por dever de ofício e teimosia superior, em breve serei obrigado a magoar dizendo coisas que não gostaria de dizer e fazendo coisas que não desejo.
It's Probably Me
Sting
If the night turned cold and the stars looked down
And you hug yourself on the cold cold ground
You wake the morning in a stranger's coat
No one would you see
You ask yourself, who'd watch for me
My only friend, who could it be
It's hard to say it
I hate to say it, but it's probably me
When your belly's empty and the hunger's so real
And you're too proud to beg and too dumb to steal
You search the city for your only friend
No one would you see
You ask yourself, who could it be
A solitary voice to speak out and set you free
I hate to say it
I hate to say it, but it's probably me
You're not the easiest person I ever got to know
And it's hard for us both to let our feelings show
Some would say I should let you go your way
You'll only make me cry
If there's one guy, just one guy
Who'd lay down his life for you and die
It's hard to say it
It's hard to say it, but it's probably me
When the world's gone crazy and it makes no sense
There's only one voice that comes to your defence
The jury's out and your eyes search the room
And one friendly face is all you need to see
If there's one guy, just one guy
Who'd lay down his life for you and die
It's hard to say it
I hate to say it, but it's probably me
I hate to say it
I hate to say it, but it's probably me
The Lurker says: Damn it.
março 17, 2003
The Lurker e Adamastor (ou Caveat Felix)
O centro de qualquer grande cidade ocidental não varia muito, independentemente do país em que você se encontre. Via de regra trata-se de um amontoado de edifícios, carros, gente apressada, vocês sabem. Existem, contudo, eventuais oásis de tranqüilidade, que surgem de tempos em tempos.
De meu escritório, no quarto andar de uma destas modernas torres de concreto e vidro, sou privilegiado com a vista de um gramado verde, bem cuidado, um destes oásis urbanos onde se pode relaxar. É lá que ele se deita pela manhã cedo. Na saída de sua casa, preguiçosamente observa o corre-corre geral e o eventual transeunte que nem sequer o percebe, oculto que permanece dos olhares apressados. Sua calma e placidez são as de quem, após uma noite de diversão, tem o dia inteiro para descansar seu físico bem proporcionado. Para ele tudo está bem: sabe que o mundo lhe pertence. Seus olhos verdes observam com desdém o executivo afobado, como quem imagina o que poderia ser tão importante para fazer com que alguém perca seu café da manhã.
Pelas nove horas ele sobe para um ponto mais elevado, onde o sol que atravessa os edifícios, vindo do Lago, pode aquecê-lo melhor, passeando com seus raios sobre o corpo esguio. Dali a pouco será hora de seu banho, e ele se lavará sem pressa, enquanto o mundo prossegue seu ritmo frenético em volta do jardim. Este é o amanhecer do Adamastor. Ele é um gato.
O animal mesmo. Porque? Pensou outra coisa? Felix Catus, gênero Domesticus, sim senhora. Possui uma pelagem amarela rajada de laranja e manchas brancas no peito, patas e atrás das orelhas. Refiro-me a ele utilizando o masculino porque não tenho lá muita certeza do gênero e, numa cultura machista como é a nossa, o masculino é o que se apresenta preferencialmente na formação das sentenças. Dizem que é freqüente que não se tenha certeza com gatos, ainda mais quatro andares acima do chão. Eu não sei. Entendo pouco de gatos.
Adamastor fez sua casa no jardim imediatamente abaixo da minha janela. Ele habita um espaço entre a grama e uma falha na estrutura do prédio à frente que permite que ele entre por baixo e se acomode no que eu imagino sejam os alicerces. Deve ser espaçoso por lá.
Adamastor passa o dia fazendo as coisas que os gatos fazem: quase nada. Pega seu sol até as quatro da tarde, quando começa a se preparar para a festa.
Em dias em que o trabalho pesa mais, o prazo encurta, a responsabilidade aperta, o micro trava, eu olho para o jardim e penso. Eu queria ser o Adamastor...
The Lurker says: A felicidade está nas pequenas coisas.
O centro de qualquer grande cidade ocidental não varia muito, independentemente do país em que você se encontre. Via de regra trata-se de um amontoado de edifícios, carros, gente apressada, vocês sabem. Existem, contudo, eventuais oásis de tranqüilidade, que surgem de tempos em tempos.
De meu escritório, no quarto andar de uma destas modernas torres de concreto e vidro, sou privilegiado com a vista de um gramado verde, bem cuidado, um destes oásis urbanos onde se pode relaxar. É lá que ele se deita pela manhã cedo. Na saída de sua casa, preguiçosamente observa o corre-corre geral e o eventual transeunte que nem sequer o percebe, oculto que permanece dos olhares apressados. Sua calma e placidez são as de quem, após uma noite de diversão, tem o dia inteiro para descansar seu físico bem proporcionado. Para ele tudo está bem: sabe que o mundo lhe pertence. Seus olhos verdes observam com desdém o executivo afobado, como quem imagina o que poderia ser tão importante para fazer com que alguém perca seu café da manhã.
Pelas nove horas ele sobe para um ponto mais elevado, onde o sol que atravessa os edifícios, vindo do Lago, pode aquecê-lo melhor, passeando com seus raios sobre o corpo esguio. Dali a pouco será hora de seu banho, e ele se lavará sem pressa, enquanto o mundo prossegue seu ritmo frenético em volta do jardim. Este é o amanhecer do Adamastor. Ele é um gato.
O animal mesmo. Porque? Pensou outra coisa? Felix Catus, gênero Domesticus, sim senhora. Possui uma pelagem amarela rajada de laranja e manchas brancas no peito, patas e atrás das orelhas. Refiro-me a ele utilizando o masculino porque não tenho lá muita certeza do gênero e, numa cultura machista como é a nossa, o masculino é o que se apresenta preferencialmente na formação das sentenças. Dizem que é freqüente que não se tenha certeza com gatos, ainda mais quatro andares acima do chão. Eu não sei. Entendo pouco de gatos.
Adamastor fez sua casa no jardim imediatamente abaixo da minha janela. Ele habita um espaço entre a grama e uma falha na estrutura do prédio à frente que permite que ele entre por baixo e se acomode no que eu imagino sejam os alicerces. Deve ser espaçoso por lá.
Adamastor passa o dia fazendo as coisas que os gatos fazem: quase nada. Pega seu sol até as quatro da tarde, quando começa a se preparar para a festa.
Em dias em que o trabalho pesa mais, o prazo encurta, a responsabilidade aperta, o micro trava, eu olho para o jardim e penso. Eu queria ser o Adamastor...
The Lurker says: A felicidade está nas pequenas coisas.
março 14, 2003
The Lurker em dia de cibernostalgia (ou "Excuse me, m´am. Did I leave my boots under your matress?")
Hoje me descobri analisando o quanto minha relação com a informática mudou nos últimos 15 anos. Sou, como se diz, da era do bit lascado. Meu primeiro computador que não se parecia com uma caixa de fósforos com teclado tinha um floppy de 120kb (algumas imagens pequenas hoje tem este tamanho) e cada disquete custava US$ 5,00. Então cortávamos um pedacinho do lado esquerdo para poder usar o verso do disquete. Afinal, só existiam discos importados e nem sempre era fácil conseguir um, em tempos de Sarney e reserva de mercado de informática. Hard Disk era uma coisa impensável e impagável. E mesmo que desse para comprar, ia ter uns 5Mb.
Lembro-me de meu assombro quando descobri na casa de um amigo que existiam computadores ligados na televisão e que geravam imagens coloridas (16 cores, veja bem). Corri para casa e arranjei um adaptador para liga o meu numa velha Philips à válvula.
Internet? Como? Naqueles tempos havia um programa pela Embratel chamado Cirandão (ou projeto Ciranda, seu antecessor). Basicamente era um sistema de chat e correio eletrônico muito primitivo, que funcionava com um fabuloso modem de 300bps (isso aí, senhores e senhoras que reclamam de seus 56000bps hoje em dia). – time passes –
Um pouco mais adiante, os poucos aventureiros que, como eu, se metiam neste mundo pela primeira vez eram confrontados com terminologias interessantes e pessoas misteriosas. O “importador” de quem comprei meu primeiro PC (um XT 8088) foi duas vezes à minha casa para ter certeza que não era “cilada”. Lembro-me de ter perguntado se o computador viesse sem relógio (clock) não saia mais barato. O cara não ouviu a pergunta porque Deus protege os inocentes e os ignorantes.
Um pouco mais adiante usavam-se os serviços de BBS, através de linhas discadas leeentas, voando agora a 9600bps. Haviam as sérias e as piratas. As gratuitas, as restritas e as pagas (a Mandic começou assim). Os tipos exóticos que se encontrava nas vias da informação eram cada vez mais interessantes. A linguagem era hermética e facilmente se reconhecia quem era do meio e quem estava de firula. Ainda hoje é fácil identificar o pessoal desses tempos perguntando quem sabia o que era uma Black Box. Era o reino do Blue Wave, do ASCII. – time still passes –
Mudaram os processadores aumentaram as velocidades. Entrou a série 386 (eu pulei a 286, que esse negócio estava caro). A complexidade das conversas e dos tipos crescia à medida que se conseguia maior e melhor performance. Com meu 486 veio o acesso aos sistemas da universidade e, como não poderia deixar de ser, à Bitnet (céus, como isso era arcaico). Mas ainda se conversava coisa séria, ciência, política, cultura, pesquisa. Tudo bem, eu não tinha lá muita compreensão disso na graduação, mas foi melhorando até conseguir minha primeira conta Internet. Uau! A coisa só funcionava emulando janelas UNIX (e ele não caía, como certas interfaces gráficas metidas a sistema operacional)... Mas os preços sim e a necessidade de uso da máquina cada vez mais crescia – even now time passes –
Mas o porque desta digressão ao mundo do passado cibernético recente, se comparado às eras geológicas, ou longínquo se considerado o tempo de vida de um pernilongo? Bem, basicamente o que se via então era um respeito muito maior pelo espaço cibernético, que era mais dedicado ao processo de troca de informações, arquivos e idéias entre pessoas. Me chame de besta, mas dava mais prazer mexer com essas coisas então. Agora essas facilidades todas permitem que um número enorme de bobagens fique circulando por aí...
Hoje, pela não-sei-qual-ésima vez, minha primeira atividade ao abrir meu e-mail foi matar o enorme número de mensagens não solicitadas que ultrapassaram não um mas dois softwares de bloqueio de SPAM. Saudades do tempo em que essa poluição não existia e em que, conquanto as interfaces gráficas não fossem tão bonitinhas, havia respeito pelo espaço dos outros. Admito que a quantidade de informações e a velocidade talvez não fosse tão grande, mas a quantidade de bobagens que eram jogadas ao vento eram a centésima parte do que se vê hoje. A democracia é uma coisa interessante: joga contra seu próprio patrimônio quando não vem acompanhada de respeito e educação.
The Lurker Says: A responsabilidade e a educação deveriam seguir, pelo menos em parte, o avanço da tecnologia.
Hoje me descobri analisando o quanto minha relação com a informática mudou nos últimos 15 anos. Sou, como se diz, da era do bit lascado. Meu primeiro computador que não se parecia com uma caixa de fósforos com teclado tinha um floppy de 120kb (algumas imagens pequenas hoje tem este tamanho) e cada disquete custava US$ 5,00. Então cortávamos um pedacinho do lado esquerdo para poder usar o verso do disquete. Afinal, só existiam discos importados e nem sempre era fácil conseguir um, em tempos de Sarney e reserva de mercado de informática. Hard Disk era uma coisa impensável e impagável. E mesmo que desse para comprar, ia ter uns 5Mb.
Lembro-me de meu assombro quando descobri na casa de um amigo que existiam computadores ligados na televisão e que geravam imagens coloridas (16 cores, veja bem). Corri para casa e arranjei um adaptador para liga o meu numa velha Philips à válvula.
Internet? Como? Naqueles tempos havia um programa pela Embratel chamado Cirandão (ou projeto Ciranda, seu antecessor). Basicamente era um sistema de chat e correio eletrônico muito primitivo, que funcionava com um fabuloso modem de 300bps (isso aí, senhores e senhoras que reclamam de seus 56000bps hoje em dia). – time passes –
Um pouco mais adiante, os poucos aventureiros que, como eu, se metiam neste mundo pela primeira vez eram confrontados com terminologias interessantes e pessoas misteriosas. O “importador” de quem comprei meu primeiro PC (um XT 8088) foi duas vezes à minha casa para ter certeza que não era “cilada”. Lembro-me de ter perguntado se o computador viesse sem relógio (clock) não saia mais barato. O cara não ouviu a pergunta porque Deus protege os inocentes e os ignorantes.
Um pouco mais adiante usavam-se os serviços de BBS, através de linhas discadas leeentas, voando agora a 9600bps. Haviam as sérias e as piratas. As gratuitas, as restritas e as pagas (a Mandic começou assim). Os tipos exóticos que se encontrava nas vias da informação eram cada vez mais interessantes. A linguagem era hermética e facilmente se reconhecia quem era do meio e quem estava de firula. Ainda hoje é fácil identificar o pessoal desses tempos perguntando quem sabia o que era uma Black Box. Era o reino do Blue Wave, do ASCII. – time still passes –
Mudaram os processadores aumentaram as velocidades. Entrou a série 386 (eu pulei a 286, que esse negócio estava caro). A complexidade das conversas e dos tipos crescia à medida que se conseguia maior e melhor performance. Com meu 486 veio o acesso aos sistemas da universidade e, como não poderia deixar de ser, à Bitnet (céus, como isso era arcaico). Mas ainda se conversava coisa séria, ciência, política, cultura, pesquisa. Tudo bem, eu não tinha lá muita compreensão disso na graduação, mas foi melhorando até conseguir minha primeira conta Internet. Uau! A coisa só funcionava emulando janelas UNIX (e ele não caía, como certas interfaces gráficas metidas a sistema operacional)... Mas os preços sim e a necessidade de uso da máquina cada vez mais crescia – even now time passes –
Mas o porque desta digressão ao mundo do passado cibernético recente, se comparado às eras geológicas, ou longínquo se considerado o tempo de vida de um pernilongo? Bem, basicamente o que se via então era um respeito muito maior pelo espaço cibernético, que era mais dedicado ao processo de troca de informações, arquivos e idéias entre pessoas. Me chame de besta, mas dava mais prazer mexer com essas coisas então. Agora essas facilidades todas permitem que um número enorme de bobagens fique circulando por aí...
Hoje, pela não-sei-qual-ésima vez, minha primeira atividade ao abrir meu e-mail foi matar o enorme número de mensagens não solicitadas que ultrapassaram não um mas dois softwares de bloqueio de SPAM. Saudades do tempo em que essa poluição não existia e em que, conquanto as interfaces gráficas não fossem tão bonitinhas, havia respeito pelo espaço dos outros. Admito que a quantidade de informações e a velocidade talvez não fosse tão grande, mas a quantidade de bobagens que eram jogadas ao vento eram a centésima parte do que se vê hoje. A democracia é uma coisa interessante: joga contra seu próprio patrimônio quando não vem acompanhada de respeito e educação.
The Lurker Says: A responsabilidade e a educação deveriam seguir, pelo menos em parte, o avanço da tecnologia.
fevereiro 25, 2003
The Lurker e o carnaval (ou para mergulhador velho, regulador novo)
Inicialmente cabem desculpas pela infreqüência das visitas do editor deste, em especial ao Monossílabo Si que se queixa da ausência de novidades: excusez mademoseille.
Este último período de trabalho tem sido extenuante. Recompensador, divertido e todas as coisas boas que o trabalho às vezes apresenta, mas extenuante mesmo assim. De qualquer sorte, o próprio nome já indica que este blog não pretende ter atualização freqüente e, de mais a mais, o papo por aqui andava muito sério. Chega de conversas e vamos ao que interessa.
Mergulhar: verbo transitivo direto referente à imersão de um corpo sólido em um líquido de menor densidade específica. Conjuga-se no presente do indicativo, primeira pessoa do singular: Eu mergulho. E o faço desde meus tenros 10 anos ou algo assim. Naturalmente é uma paixão estranha para um sujeito que nasceu e se criou no planalto central brasileiro, conhecido por sua seca subsaariana e mais ainda quando a praia mais próxima está a mais ou menos 1.200 Km de distância. Enfim, não há que se discutir sobre isso, mas sim que há duas semanas atrás concluí meu quarto curso de mergulho "básico".
Não, eu não sou retardado e não precisei fazer a mesma coisa quatro vezes para ver se pegava o jeito. Os dois primeiros cursos, realizados nas idades de 14 e 17 anos não habilitavam internacionalmente e o terceiro foi feito somente para acompanhar minha, então, noiva no processo e, por motivos que não cabem aqui, não foi concluído. Fez-se necessária nova habilitação, portanto.
Dentre os aspectos divertidos de fazer o básico pela 4ª vez está que a nomenclatura à qual fui acostumado e onde executei os primeiros estudos era um tanto diferente do que se pratica hoje. Por exemplo, nadadeira era “pé de pato”, máscara era “óculos de mergulho” e cilindro era “garrafa”. É preciso que se ressalte a mudança de materiais, formatos e particularidades das épocas também. Por exemplo, quando comecei, colete equilibrador (BC) era um negócio caríssimo, que ninguém tinha e que não vinha integrado ao “back pack” – uma espécie de cela de fibra de vidro para colocar o cilindro nas costas. Hoje em dia é equipamento de segurança obrigatório. Aliás, “na minha época”, cilindro era de aço e os de alumínio que se usam hoje eram mais novidade do que qualquer outra coisa (custavam uma fortuna). Hoje em dia é o contrário: tem-se que gramar um bocado para achar um de aço.
Nota técnica: Recentemente descobri que a Cobra Sub mantém ainda hoje grande parte dos equipamentos com características muito semelhantes às de 10 anos atrás (máscara era Super Puma e nadadeira Spinta – e dê-se por satisfeito). Em resumo, nem tudo evolui no mundo subaquático. :-)
De qualquer forma, o caso é que dia 28 às 13:30 embarca-se para Parati para uma série de, nada menos que, 11 mergulhos, todos embarcados, bonitinhos, com direito a ônibus semi-leito com filminho e outras coisas divertidas. A hospedagem deve ficar por conta da Pousada Porto Paraty (rebatizada como Porto Imperial mas eu preferia o nome antigo). Sinceramente, depois de duas semanas de estágio no inferno, botando a primeira fase da avaliação do programa para funcionar, tudo de que se precisa são quatro dias soltando borbulhas a 12 metros. Sim, porque isso deve dar mais ou menos 14 horas efetivas debaixo d´água e se não curar o início de stress, nada vai dar jeito.
Em breve terei a grata satisfação de relatar aos (3?) estimados leitores(as) as aventuras de The Lurker under the sea.
(este mergulho foi trazido até você num oferecimento da Divers University)
The Lurker says: "Thaaare she blows!" (hmmm.... era isso mesmo, capitão Ahab?)
Inicialmente cabem desculpas pela infreqüência das visitas do editor deste, em especial ao Monossílabo Si que se queixa da ausência de novidades: excusez mademoseille.
Este último período de trabalho tem sido extenuante. Recompensador, divertido e todas as coisas boas que o trabalho às vezes apresenta, mas extenuante mesmo assim. De qualquer sorte, o próprio nome já indica que este blog não pretende ter atualização freqüente e, de mais a mais, o papo por aqui andava muito sério. Chega de conversas e vamos ao que interessa.
Mergulhar: verbo transitivo direto referente à imersão de um corpo sólido em um líquido de menor densidade específica. Conjuga-se no presente do indicativo, primeira pessoa do singular: Eu mergulho. E o faço desde meus tenros 10 anos ou algo assim. Naturalmente é uma paixão estranha para um sujeito que nasceu e se criou no planalto central brasileiro, conhecido por sua seca subsaariana e mais ainda quando a praia mais próxima está a mais ou menos 1.200 Km de distância. Enfim, não há que se discutir sobre isso, mas sim que há duas semanas atrás concluí meu quarto curso de mergulho "básico".
Não, eu não sou retardado e não precisei fazer a mesma coisa quatro vezes para ver se pegava o jeito. Os dois primeiros cursos, realizados nas idades de 14 e 17 anos não habilitavam internacionalmente e o terceiro foi feito somente para acompanhar minha, então, noiva no processo e, por motivos que não cabem aqui, não foi concluído. Fez-se necessária nova habilitação, portanto.
Dentre os aspectos divertidos de fazer o básico pela 4ª vez está que a nomenclatura à qual fui acostumado e onde executei os primeiros estudos era um tanto diferente do que se pratica hoje. Por exemplo, nadadeira era “pé de pato”, máscara era “óculos de mergulho” e cilindro era “garrafa”. É preciso que se ressalte a mudança de materiais, formatos e particularidades das épocas também. Por exemplo, quando comecei, colete equilibrador (BC) era um negócio caríssimo, que ninguém tinha e que não vinha integrado ao “back pack” – uma espécie de cela de fibra de vidro para colocar o cilindro nas costas. Hoje em dia é equipamento de segurança obrigatório. Aliás, “na minha época”, cilindro era de aço e os de alumínio que se usam hoje eram mais novidade do que qualquer outra coisa (custavam uma fortuna). Hoje em dia é o contrário: tem-se que gramar um bocado para achar um de aço.
Nota técnica: Recentemente descobri que a Cobra Sub mantém ainda hoje grande parte dos equipamentos com características muito semelhantes às de 10 anos atrás (máscara era Super Puma e nadadeira Spinta – e dê-se por satisfeito). Em resumo, nem tudo evolui no mundo subaquático. :-)
De qualquer forma, o caso é que dia 28 às 13:30 embarca-se para Parati para uma série de, nada menos que, 11 mergulhos, todos embarcados, bonitinhos, com direito a ônibus semi-leito com filminho e outras coisas divertidas. A hospedagem deve ficar por conta da Pousada Porto Paraty (rebatizada como Porto Imperial mas eu preferia o nome antigo). Sinceramente, depois de duas semanas de estágio no inferno, botando a primeira fase da avaliação do programa para funcionar, tudo de que se precisa são quatro dias soltando borbulhas a 12 metros. Sim, porque isso deve dar mais ou menos 14 horas efetivas debaixo d´água e se não curar o início de stress, nada vai dar jeito.
Em breve terei a grata satisfação de relatar aos (3?) estimados leitores(as) as aventuras de The Lurker under the sea.
(este mergulho foi trazido até você num oferecimento da Divers University)
The Lurker says: "Thaaare she blows!" (hmmm.... era isso mesmo, capitão Ahab?)
fevereiro 12, 2003
The Lurker e a Discriminação (ou é fácil colocar o espinheiro em chamas)
Nunca, na história recente da república, alguém conseguiu tratar a questão racial no Brasil com tamanha dose de demagogia, irresponsabilidade, falta de planejamento e visão (que chegam mesmo a beirar a má-fé) como o ex-govenador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. Este, no apagar das luzes do que ele denominava governo (e seres pensantes denominam catástrofe) estabeleceu por decreto uma política de quotas para as universidade estaduais do estado, sendo 50% para alunos “afrodescendentes” e oriundos de escolas públicas.
Entenda-se: não há qualquer tipo de equívoco em que se queira estabelecer políticas compensatórias para reduzir o abismo social no País. Também ninguém falará contra uma proposta que, de maneira responsável, procure mitigar as disparidades econômico-sociais existentes no Brasil. Mas o que foi proposto, além de irresponsável, pode ter conseqüências muito mais sérias do que se imagina. Vejamos os fatos divulgados até o momento:
1) As médias obtidas pelos alunos beneficiados pelas quotas são, por vezes, até 11,4 vezes inferiores às dos alunos não beneficiados. No caso mais crítico, o curso de Odontologia, o último classificado pelo vestibular tradicional fez 77,5 pontos sobre um total de 100, enquanto o último colocado que ingressou pelo sistema de quotas fez apenas 6,2 pontos sobre o mesmo total;
2) Alunos nestas condições necessitarão de suporte que, para começo de conversa, permita que prossigam na vida acadêmica, através de aulas reforço e outras iniciativas para isto;
3) A reitoria da UERJ estima um custo de R$ 12,7 milhões para estas ações remediais em, só em 2003 e o tesouro estadual está com um déficit de mais de R$ 1 bilhão. Quem vai pagar esta conta? A “Garotinha” acha que o Governo Federal tem que arcar com parte da despesa. Tomemos por absurdo que isso fosse verdade: de onde é que eles vão tirar os R$ 6,35 milhões faltantes?
O que se observa é que esta política é equivocada e demagógica porque não resolve o problema em sua origem (a educação básica) sendo ao mesmo tempo segregacionista e não-inclusiva, na medida em que cria castas de estudantes: a que precisa e a que não precisa de cursos remediais. Pior ainda: dados os resultados do vestibular, os estudantes serão identificados como deste ou daquele grupo pela cor da pele. Sinto pelos alunos "afrodescententes" que já se encontram dentro do curso e que entraram pelas vias "normais".
Este mesmo tipo de perspectiva equivocada foi adotada por alguns cursos de exatas ao observar que os alunos não tinham base para os cursos de cálculo, criando a disciplina de “Cálculo Zero” – que antecedia a “Cálculo Um”. Parece vício do Brasileiro, agir sempre sobre as conseqüências (reativamente) ao invés das causas (proativamente). Ao invés de se exigir uma educação básica de qualidade, providencia-se o paliativo. É algo como o médico que receita analgésico para reduzir a dor de cabeça mas não se preocupa em identificar o que causa o sintoma (e o paciente morre de meningite).
Preocupo-me seriamente, tendo encontrado em minha vida profissional diversos "afrodescententes" de grande inteligência e capacidade que completaram seus cursos de Graduação e Pós-graduação com mérito. Pessoas que conseguiram galgar posições, atingiram desempenhos comendados e onde a cor da pele não importava tanto assim. Venceram "apesar" de terem estudado em escolas públicas e ingressaram em uma instituição federal de ensino superior. Ildomar, Valnei, Telmely, Abelardo, entre tantos outros, não podem ser agora considerados como profissionais "favorecidos" por uma política demagógica. Não é justo que, depois de todo este esforço, eles passem agora a ser discriminados também por isso. E mais, se eles conseguiram, outros podem também.
Cabe aqui um parágrafo publicado no editorial do Jornal “A Tarde” de Salvador (12 de fevereiro de 2003). Lembro aos distintos leitores que Salvador é uma cidade de maioria negra. Vejamos pois o que escrevem:
“Pondo de lado a obviedade de que só educação básica e crescimento econômico acabam com a exclusão social, o Brasil assistiu a um gigantesco golpe de suborno eleitoral que, por todos os efeitos nefastos que já produziu e ainda vai produzir, deveria levar seus autores à prisão.”
The Lurker says: No Brasil o racismo não é questão de pele: a segregação é econômica. A cor está presente por conseqüência histórica - poderia não estar.
Nunca, na história recente da república, alguém conseguiu tratar a questão racial no Brasil com tamanha dose de demagogia, irresponsabilidade, falta de planejamento e visão (que chegam mesmo a beirar a má-fé) como o ex-govenador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. Este, no apagar das luzes do que ele denominava governo (e seres pensantes denominam catástrofe) estabeleceu por decreto uma política de quotas para as universidade estaduais do estado, sendo 50% para alunos “afrodescendentes” e oriundos de escolas públicas.
Entenda-se: não há qualquer tipo de equívoco em que se queira estabelecer políticas compensatórias para reduzir o abismo social no País. Também ninguém falará contra uma proposta que, de maneira responsável, procure mitigar as disparidades econômico-sociais existentes no Brasil. Mas o que foi proposto, além de irresponsável, pode ter conseqüências muito mais sérias do que se imagina. Vejamos os fatos divulgados até o momento:
1) As médias obtidas pelos alunos beneficiados pelas quotas são, por vezes, até 11,4 vezes inferiores às dos alunos não beneficiados. No caso mais crítico, o curso de Odontologia, o último classificado pelo vestibular tradicional fez 77,5 pontos sobre um total de 100, enquanto o último colocado que ingressou pelo sistema de quotas fez apenas 6,2 pontos sobre o mesmo total;
2) Alunos nestas condições necessitarão de suporte que, para começo de conversa, permita que prossigam na vida acadêmica, através de aulas reforço e outras iniciativas para isto;
3) A reitoria da UERJ estima um custo de R$ 12,7 milhões para estas ações remediais em, só em 2003 e o tesouro estadual está com um déficit de mais de R$ 1 bilhão. Quem vai pagar esta conta? A “Garotinha” acha que o Governo Federal tem que arcar com parte da despesa. Tomemos por absurdo que isso fosse verdade: de onde é que eles vão tirar os R$ 6,35 milhões faltantes?
O que se observa é que esta política é equivocada e demagógica porque não resolve o problema em sua origem (a educação básica) sendo ao mesmo tempo segregacionista e não-inclusiva, na medida em que cria castas de estudantes: a que precisa e a que não precisa de cursos remediais. Pior ainda: dados os resultados do vestibular, os estudantes serão identificados como deste ou daquele grupo pela cor da pele. Sinto pelos alunos "afrodescententes" que já se encontram dentro do curso e que entraram pelas vias "normais".
Este mesmo tipo de perspectiva equivocada foi adotada por alguns cursos de exatas ao observar que os alunos não tinham base para os cursos de cálculo, criando a disciplina de “Cálculo Zero” – que antecedia a “Cálculo Um”. Parece vício do Brasileiro, agir sempre sobre as conseqüências (reativamente) ao invés das causas (proativamente). Ao invés de se exigir uma educação básica de qualidade, providencia-se o paliativo. É algo como o médico que receita analgésico para reduzir a dor de cabeça mas não se preocupa em identificar o que causa o sintoma (e o paciente morre de meningite).
Preocupo-me seriamente, tendo encontrado em minha vida profissional diversos "afrodescententes" de grande inteligência e capacidade que completaram seus cursos de Graduação e Pós-graduação com mérito. Pessoas que conseguiram galgar posições, atingiram desempenhos comendados e onde a cor da pele não importava tanto assim. Venceram "apesar" de terem estudado em escolas públicas e ingressaram em uma instituição federal de ensino superior. Ildomar, Valnei, Telmely, Abelardo, entre tantos outros, não podem ser agora considerados como profissionais "favorecidos" por uma política demagógica. Não é justo que, depois de todo este esforço, eles passem agora a ser discriminados também por isso. E mais, se eles conseguiram, outros podem também.
Cabe aqui um parágrafo publicado no editorial do Jornal “A Tarde” de Salvador (12 de fevereiro de 2003). Lembro aos distintos leitores que Salvador é uma cidade de maioria negra. Vejamos pois o que escrevem:
“Pondo de lado a obviedade de que só educação básica e crescimento econômico acabam com a exclusão social, o Brasil assistiu a um gigantesco golpe de suborno eleitoral que, por todos os efeitos nefastos que já produziu e ainda vai produzir, deveria levar seus autores à prisão.”
The Lurker says: No Brasil o racismo não é questão de pele: a segregação é econômica. A cor está presente por conseqüência histórica - poderia não estar.
fevereiro 06, 2003
The Lurker e a Entropia (ou Stephen Hawking meu herói)
Ontem foi dia para encontrar, mesmo que brevemente, um grupo de amigos(as) que trafega a mesma estrada a cerca de cinco anos. É preciso que se esclareça: trata-se de um conjunto de pessoas que “compartilhou” uma equipe muito afinada, tanto afetiva quanto profissionalmente. Por motivos os mais vários, dessas coisas que a vida faz, ocorreu um afastamento (profissional) mas todos se esforçam para manter o vínculo (pessoal).
Bem, então ontem foi o dia para encontrar essas pessoas espalhadas pela esplanada. E tempo para ver o estado de desorganização e balbúrdia que está se tornando o processo de sucessão no executivo, a partir da nova (se alguma) perspectiva do governo. A confusão está tão grande que chego quase (disse quase) a sentir-me deixado de lado por não participar da azáfama coletiva.
Não, minha veia crítica não me subiu a cabeça, mas tenho baixa tolerância a desorganização (em especial no serviço público, onde o dinheiro é meu também). Veja se parece razoável que uma pessoa seja indicada para um determinado DAS, ver a publicação do ato no Diário Oficial e, nem bem seca a tinta no jornal, saber-se destituído(a) no dia seguinte? Ou um Diretor de departamento que, indicado mas não empossado, realiza reuniões com a sua (wannabe) equipe de trabalho para saber-se “desindicado” ao final de uma semana (ou no início da semana subseqüente). Ou uma terceira figura que, instada(o) a colocar seu cargo a disposição – coisa que é de sua obrigação – diz que não o fará e que, de agora em diante, trabalhará como técnico(a), manstendo suas regalias?
Pombas. Pessoas não são brinquedos: gente é gente e capivara é um bicho, como diz o Vital. Apesar da opinião do Vital contar pouco (afinal, amanuense e botafoguense são duas designações ingratas) ele tem lá sua razão. Essas gentes assumem compromissos, se preparam para mudanças sérias em suas vidas - mudam de emprego, de casa, de cidade, assumem dívidas, dizem coisas e fazem coisas que não fariam se fossem permanecer onde estão. Para depois vir a Imprensa Oficial e, oficialmente, dizer “olha, era brincadeirinha viu?” ou “tinha um sujeito com uma pistola aqui e... lembra do DAS que lhe prometeram?”.
Esta é a primeira transição de governo que posso acompanhar e, confesso, espero que as anteriores tenham se constituído em atividades mais civilizadas do que a que observo agora (a do Collor não conta e a do Roriz para o Cristóvão muito menos). Não que acredite nesta bobagem de centro-direita facistóide de que o PT está enfiando os pés pelas mãos porque não tem experiência de governo. Ora, eles também não tinham. O que eles tinham (e tem) é vontade de se locupletar. E com isso, pelo menos em parte, o PT não concorda.
The Lurker Says: “As necessidades da maioria superam aquelas dos indivíduos.” Mas, droga Spock, não esculhamba.
Ontem foi dia para encontrar, mesmo que brevemente, um grupo de amigos(as) que trafega a mesma estrada a cerca de cinco anos. É preciso que se esclareça: trata-se de um conjunto de pessoas que “compartilhou” uma equipe muito afinada, tanto afetiva quanto profissionalmente. Por motivos os mais vários, dessas coisas que a vida faz, ocorreu um afastamento (profissional) mas todos se esforçam para manter o vínculo (pessoal).
Bem, então ontem foi o dia para encontrar essas pessoas espalhadas pela esplanada. E tempo para ver o estado de desorganização e balbúrdia que está se tornando o processo de sucessão no executivo, a partir da nova (se alguma) perspectiva do governo. A confusão está tão grande que chego quase (disse quase) a sentir-me deixado de lado por não participar da azáfama coletiva.
Não, minha veia crítica não me subiu a cabeça, mas tenho baixa tolerância a desorganização (em especial no serviço público, onde o dinheiro é meu também). Veja se parece razoável que uma pessoa seja indicada para um determinado DAS, ver a publicação do ato no Diário Oficial e, nem bem seca a tinta no jornal, saber-se destituído(a) no dia seguinte? Ou um Diretor de departamento que, indicado mas não empossado, realiza reuniões com a sua (wannabe) equipe de trabalho para saber-se “desindicado” ao final de uma semana (ou no início da semana subseqüente). Ou uma terceira figura que, instada(o) a colocar seu cargo a disposição – coisa que é de sua obrigação – diz que não o fará e que, de agora em diante, trabalhará como técnico(a), manstendo suas regalias?
Pombas. Pessoas não são brinquedos: gente é gente e capivara é um bicho, como diz o Vital. Apesar da opinião do Vital contar pouco (afinal, amanuense e botafoguense são duas designações ingratas) ele tem lá sua razão. Essas gentes assumem compromissos, se preparam para mudanças sérias em suas vidas - mudam de emprego, de casa, de cidade, assumem dívidas, dizem coisas e fazem coisas que não fariam se fossem permanecer onde estão. Para depois vir a Imprensa Oficial e, oficialmente, dizer “olha, era brincadeirinha viu?” ou “tinha um sujeito com uma pistola aqui e... lembra do DAS que lhe prometeram?”.
Esta é a primeira transição de governo que posso acompanhar e, confesso, espero que as anteriores tenham se constituído em atividades mais civilizadas do que a que observo agora (a do Collor não conta e a do Roriz para o Cristóvão muito menos). Não que acredite nesta bobagem de centro-direita facistóide de que o PT está enfiando os pés pelas mãos porque não tem experiência de governo. Ora, eles também não tinham. O que eles tinham (e tem) é vontade de se locupletar. E com isso, pelo menos em parte, o PT não concorda.
The Lurker Says: “As necessidades da maioria superam aquelas dos indivíduos.” Mas, droga Spock, não esculhamba.
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